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Sábado, 7 de Junho de 2008

Aprender Com as Crises

 

No dia em que escrevo este post, joga-se o primeiro jogo do europeu de futebol da Austria e Suiça de 2008. De dois em dois anos, as grandes competições de futebol conseguem anestesiar o cidadão comum dos seus problemas quotidianos, numa proporção que pode oscilar entre a catarse e a completa alienação.

Esses problemas, quando têm origem numa situação estrutural, são habitualmente apelidados de crises. Palavra malquista, as crises têm uma conotação negativa, como uma doença social que nos afecta e que ninguém consegue encontrar o caminho para uma saída rápida. Confesso que a minha opinião acerca das crises diverge muito do "mainstream". Não entendo a crise com algo negativo. Bem pelo contrário, creio que se não existissem crises a sociedade já não existiria. A justificação para esta ideia, que poderá parecer um pouco absurda, encontra-se nos motivos que dão origem às crises. 

Socorrendo-me novamente da analogia com o corpo humano, tal como os seres humanos,  em que os sintomas de doença levam o doente a agir para a debelar, nas sociedades humanas se não sentissemos as crises nunca iríamos, espontanemante, efectuar as correções estruturais que se impõem. As crises, nomeadamente as de cariz económico, resultam de um desajustamento estrutural da sociedade face a uma realidade emergente. A actual conjuntura económica fornece-nos um bom exemplo.Se não sentíssemos os efeitos do preço do petróleo, continuaríamos a negligenciar fontes de energia alternativas aos fosseis, e a prova disso é o parco investimento em energias renováveis quando o barril de brent, ainda há poucos anos, andava na casa dos 25 Dólares.

A crise cerealífera também é um reflexo do défice de produção, face ao aumento da procura nos paises emergentes. Como os efeitos macro-económicos só conseguem ser isolados nos manuais de economia (o mito do ceteris paribus),  a eclosão asiática que teve como consequência positiva o aumento da oferta a mais baixo preço (que os consumidores ocidentais agradeceram) trouxe por outro lado uma pressão enorme sobre a procura de petróleo e de bens alimentares. Ou seja, o que poupamos com a compra de produtos chineses gastamos, com juros, na estação de serviço e no supermercado.

A situação do dólar, enfraquecido pelo chamado duplo défice (o orçamental e o da balança de transacções), coloca igualmente uma tónica inflaccionista sobre os mercados, porquanto que as trocas comerciais se efectuam na divisa americana e se esta se desvaloriza, os mercados reagem ao nível do preço para corrigir este desajustamento. 

Relativamente ao petróleo, é um lugar comum acusar a OPEP, cartel constituído pelos maiores produtores, de inflaccionar os preços através do estrangulamento da oferta. No entanto, convém recordar que a  OPEP nasceu da necessidade dos países produtores de fazerem valer os seus direitos face ao cartel constituído pelas maiores empresas petrolíferas, que dominavam o mercado e pagavam um preço muito abaixo do preço natural decorrente do "encontro" entre a oferta e a procura.

A consciencialização para a importância do petróleo como instrumento político ganhou outro significado após a II Guerra Mundial, com as diversas crises petrolíferas, todas elas originadas por problemas políticos em paises produtores, envolvendo luta armada.

Em 1956 foi a crise do canal do Suez envolvendo o Egipto por um lado e o Reino Unido e a França por outro. Com o embargo dos países árabes ao fornecimento de petróleo decorrente da intervenção militar Anglo-francesa, o mundo apercebeu-se do enorme poder que os produtores de petróleo tinham na economia mundial.

Em 1973, novo conflito neste caso o Israelo-palestiniano, na sequência da chamada "batalha de Outubro", com uma reacção muito semelhante por parte dos produtores árabes.

Em 1979 foi a revolução dos Ayatholas que gerou um situação de crise profunda, ou não fosse o Irão um dos paises mais ricos no chamado "ouro negro".

Outras crises poderiam ser identificadas: 1967 (Guerra dos seis Dias); 1991 (Guerra do Golfo); 2002 (greve geral venezuelana); 2003 (Invasão do Iraque); no entanto, à excepção do caso venezuelano, os contornos das crises e as suas consequências obedecem ao mesmo padrão.

Não deixa de ser um reflexo de uma das principais leis da economia: os recursos são limitados, e como tal sempre existiram e continuarão a existir disputas pelos mesmos bens. É por este motivo que as sociedades humanas, ao longo da História, sempre estiveram em guerra e o futuro não será decerto diferente. É uma matéria de Economia  pura.

Como resolver todos estes problemas? A História mostra-nos que haveremos de superar todos os obstáculos, conquanto que nos saibamos adaptar aos novos condicionalismos que o ambiente social nos impõe. Recusemos então estas opiniões apocalípticas e tenhamos a proactividade de antecipar ou pelo menos superar esta desadequação conjuntural momentânea.

Nestes casos de crise, duas posições se extremam, correspondente à clássica divisão entre direita e esquerda. A esquerda geralmente têm uma posição mais intervencionista, com base no subsídio, ou seja no financiamento da ineficiência, como uma espécie de analgésico que nos aliena da real implicação dos seus efeitos.

Por seu turno, a direita aposta mais na velha máxima do "laissez faire", com muito menor tendênca para intervencionismo, e antes para que se sintam as "dores" de crescimento que nos levem a fazer algo para,  por nós próprios, saírmos desta situação.

Qual destas posturas está correcta? Nenhuma, ou antes, estão as duas, consoante a tendência ideológica com a qual mais nos identificamos, no entanto eu prefiro a proactividade da direita e o assistencialismo (aos mais desfavorecidos, entenda-se) da esquerda.   

publicado por Rui Romão às 10:55
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Segunda-feira, 2 de Junho de 2008

E Assim Nasceu Espanha

 

A Espanha que hoje conhecemos nasceu da união de dois reinos desta velha península, Castela e Aragão, selada através do casamento de Isabel de Castela e Fernando II de Aragão. Ficaram conhecidos na história como os "Reis Católicos" e foram o pilar da construção da Grande Espanha, um projecto consciente e que incluia o então Reino de Portugal.

Entrando pelo terreno pantanoso da história alternativa, é lícito especular que o curso dos acontecimentos poderia ter sido bem diferente, até porque a Infanta Isabel não seria a herdeira do trono, mas sim a Princesa Joana, filha de Henrique IV e de Joana de Portugal.

Porque motivo o trono foi entregue à Infanta Isabel, em detrimento da Princesa, filha dos Reis? O motivo é simples. O Rei Henrique IV era conhecido como o "Impotente" e como tal, quando nasceu a Princesa Joana, depressa circulou o rumor que a criança não seria filha do Rei, mas sim de um fidalgo, supostamente o favorito da Raínha, de seu nome Beltrão de La Cueva. Foi com o epíteto de "Beltraneja" que a pobre menina passou à história.

Existem versões contraditórias quanto ao testamento de Henrique IV. Alguns historiadores defendem que ele designou a filha para lhe suceder, outras fontes referem que escolheu a irmã, contudo nenhuma é conclusiva.

Quando o Rei morre, os nobres castelhanos, com um golpe palaciano, colocam no trono a Infanta Isabel. D. Afonso V decide intervir em prol da defesa dos direitos de sua sobrinha.

Viúvo de D. Isabel, filha do seu tio, o Infante D. Pedro, o das "sete partidas do mundo", com o qual se confrontou e venceu em Alfarrobeira, o monarca português reclama os seus direitos ao trono de Castela, reforçado pelo casamento com a sua sobrinha (que nunca foi reconhecido pelo Papa, supostamente pelo grau de parentesco).

Não conseguindo vencer no campo diplomático, D. Afonso V escolheu a via militar,  numa batalha de má memória para as hostes portuguesas. O combate dá-se na região de Toro, nome pelo qual ficou conhecida a batalha. No lado português encontrava-se o então Príncipe D. João, futuro D. João II, tendo inclusivamente  surgido a lenda de que a "ala"entregue ao Príncipe teria sido inexpugnável, o que me parece bastante improvável.

Perdida a batalha no campo militar, D. Afonso V parte para França, em procura do apoio de Luis XI, tendo este, após tergiversar, recusado ajuda ao monarca português. Desiludido com o mundo, entrega o trono a seu fiho  e decide ir em peregrinação para a Terra Santa, viagem que não chega a realizar. Regressado a Portugal, reassume o trono, pelo menos formalmente, uma vez que o Príncipe cada vez mais assumia a chefia dos  destinos do país.  

Esta tese de que Espanha nasceu da impotência de um Rei, não deixa de ser um pouco jocosa. Trata-se de uma pequena farpa, ao estilo de Eça e Ramalho, mas que não deixa de ser um motivo de reflexão acerca dos pequenos condicionalismos que, embora não parecendo à primeira vista, podem adquirir repercussões gigantescas.

Isto não significa que caso D. Joana fosse Raínha a Espanha não existiria hoje, ou mesmo, quem sabe, sob coroa portuguesa. Quis o destino que tal nunca se concretizasse. A primeira oportunidade sucede com a morte de D. Afonso, filho de D. João II, numa queda de cavalo. D. Afonso era casado com D. Isabel, filha dos Reis Católicos e sucessora do trono, pelo que o Príncipe se tornaria simultaneamente Rei de Portugal, Leão e Castela. Com a morte de D. Afonso, D. Isabel casa-se com D. Manuel, que sucedeu a D. João II, do qual daria à luz um menino, Miguel da Paz, jurado herdeiro de todas as coroas peninsulares. Quis novamente o infortúnio que o menino morresse quando contava apenas 2 anos de idade. Nova oportunidade viria três séculos mais tarde, quando D. Isabel II foi obrigada a abdicar e o trono foi "oferecido" a D. Fernando II, que não sendo português era Rei Consorte de Portugal. Diz a História que recusou em nome da independência de Portugal, teoria que não me convence. Embora acreditando na bondade e no amor genuíno que nutria pela sua pátria de adopção, creio que D. Fernando se apercebeu que a França nunca permitiria mais um alemão num trono europeu. 

Termino, como se tem tornado hábito, com uma nota de humor, até porque a História não tem que ser entendida como algo de aborrecido. Voltando aos Reis católicos, conta-se que a Raínha não nutria uma grande simpatia pelo embaixador português, um janota, de traje elegante, conhecido pela sua valentia e pelo seu sucesso na arte de cortejar.

Numa corrida de touros, mandou dizer ao embaixador, que se encontrava num palanque, que fosse privar com os reis numa casa onde se encontravam alojados, do outro lado da praça. Com este recado manda outro, dando ordens para que soltassem o touro mais bravo que existisse quando o embaixador estivesse a atravessar a praça. As pessoas recolheram-se aos palanques, e D. João de Sousa ficou sozinho na praça para enfrentar a fera. Despindo o capuz, atirou-o ao touro e, desembainhando a espada, num só golpe cortou a cabeça do touro. Depois de limpar a espada no corpo prostrado do animal,  tomou o capuz e sem perder a pose dirigiu-se calmamente a D. Isabel.

- "Boa sorte fizestes embaixador", disse-lhe a Raínha.

E ele repondeu-lhe:

-" Qualquer português faria o mesmo!"

publicado por Rui Romão às 23:26
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