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Domingo, 26 de Outubro de 2008

O PREC e os EUA

Hoje em dia, uma reduzida percentagem de norte-americanos conhece a existência de Portugal e, menos ainda, conseguem localizar o nosso país no planisfério. Não é novidade para ninguém, tendo presente que uma boa parte da população da "Grande Potência" não consegue alcançar tamanha proeza no que se refere ao seu próprio país.

Mas nem sempre foi assim. Não preciso de recuar ao escaldante romance entre D. Manuel II e Gabi Deslys, que fez capa na imprensa mundial no longínquo ano de 1909. Basta-me evocar um período da nossa história recente, que ficou conhecido pela sigla PREC (Processo Revolucionário em Curso).

Por mais difícil que nos seja hoje imaginar, Portugal foi um dos principais "actores" na agenda mediática internacional após o golpe de Estado de 25 de Abril de 1974, até ao culminar do processo revolucionário e a entrada do país na via democrática ocidental com o 25 de Novembro de 1975.  

Foi um período conturbado, em que se opuseram dois paradigmas de Estado, sustentados por duas correntes que se digladiaram pela hegemonia na futura construção política do país.

Por um lado a via democrática (embora impregnada por clichés típicos do socialismo, como sejam a reforma agrária, colectivização dos meios de produção, etc) defendida pelos partidos democráticos (leia-se PPD, PS, CDS, PPM e PDC) e a via comunista e totalitária, à imagem e semelhança das ditaduras pró-soviéticas, defendida por comunistas Leninistas (PCP), Maoístas (PCTP MRPP), Trotskistas, Socialistas à "Albanesa", etc...  

Foi esta segunda hipótese que atormentou a administração norte-americana. Portugal, sendo um membro fundador da NATO, corria o risco de mudar de campo geo-estratégico, o que seria um duro revés numa organização criada precisamente para combater o alastramento do comunismo. O assunto começou a ser levado mais a sério após o aparecimento de rumores de que Portugal se preparava para conceder facilidades à frota pesqueira Soviética na Figueira da Foz, sabendo-se, de antemão, da existência de navios espiões que usavam a actividade piscatória como "embuste" para acções de espionagem . A presença de navios inimigos a 150 milhas do Comando da NATO (em Oeiras) era inaceitável. A preponderância de comunistas nos governos provisórios e principalmente no seio do MFA preocupou de sobremaneira o secretário de Estado Henry Kissinger, que temeu o alastramento da influência comunista a outros países mediterrâneos onde os tentáculos soviéticos iam ganhando pujança, nomeadamente em Itália, França e Grécia.

O processo revolucionário português apanhou a administração republicana da Casa Branca no meio do escândalo Watergate. Nixon foi alvo de impeachment em Agosto de 1974, sucedendo-lhe Gerald Ford, que manteve o todo poderoso Kissinger à frente da política externa norte-americana. 

Quando se dá o 25 de Abril os EUA tinham como embaixador Stuart Nash Scott. A complexidade da situação portuguesa não tardou em fazer do embaixador a primeira vítima. Segundo um alto responsável da administração Ford, tratava-se de um problema de primeira com uma embaixada de segunda. Kissinger designou Frank Carlucci, um homem reputado e identificado com a linha dura, que travou uma batalha sem tréguas pela instauração da democracia em Portugal.

Nessa missão contou com alguns obstáculos de peso, a começar na própria pátria de acolhimento, onde chegou a ser considerado persona non grata pelo inefável comandante do Copcon, Otelo Saraiva de Carvalho. Carlucci nunca desistiu de apoiar os moderados, nomeadamente o PS, bem como a facção democrática no seio do MFA e do Conselho da Revolução, que ficaram identificados como o "grupo dos nove".

No entanto, não foram só as condições internas a causarem-lhe problemas. A sua principal batalha foi precisamente com o próprio governo dos EUA, na pessoa do todo-poderoso Secretário de Estado. A posição de Kissinger foi sendo alterada à medida que os acontecimentos iam evoluindo. Se numa fase inicial o seu apoio à causa democrática era inequívoca, a presença de comunistas no I governo provisório, a ascenção de Vasco Gonçalves, o 28 de Setembro, o 11 de Março e a Assembleia Selvagem do MFA, levaram a que encarasse Portugal como uma causa perdida. A propósito do "companheiro Vasco", com quem se encontrou em Washington, chegou a dizer que se não era militante do PCP devia ser só para não pagar as quotas...

Nem perante o cepticismo de Kissinger e da sua teoria da "vacina", Carlucci baixou os braços, envidando esforços no apoio à causa dos moderados, inclusivamente diplomáticos junto de outros países (principalmente com a RFA), até convencer a administração norte-americana a apoiar a implantação de uma democracia em Portugal.

O ponto de viragem terá sido, talvez, as eleições para a constituinte, onde ficou provado que, não obstante a força que demonstrava nas ruas, o PCP não valia mais do que 12% do eleitorado. A repercussão internacional dos casos Renascença e República também jogaram a favor dos moderados, numa altura em que os Comunistas, na figura de Álvaro Cunhal, desvalorizaram as eleições (que nunca quiseram realizar) e pugnavam pela construção de uma ditadura de Estado. 

O enfraquecimento do PCP e, porventura, a explicação para a sua derrota no 25 de Novembro  terá sido determinado pela falta de apoio dos soviéticos. Em 1975 realizaram-se os acordos de Helsinquia, que representava o culminar da política de détente que caracterizava as relações entre as duas grandes potências desde a crise dos mísseis de Cuba. Brejnev não estava disposto a falhar os acordos por causa de "um punhado de comunistas portugueses ansiosos" e, num assomo de clarividência (que não era apanágio dos seus camaradas lusitanos), referiu que em Portugal não existia qualquer hipótese de instauração de um Estado Socialista por 3 motivos:

-Geográficos (Portugal estava na esfera de influência dos EUA)

-Religiosos (o predomínio da religião Católica)

-Culturais

No 25 de Novembro o PCP tentou, numa atitude de desespero, conquistar pelas armas aquilo que não conseguiu nas urnas de voto. O povo português venceu e se, por um lado, o devemos aos partidos democráticos, com destaque para o PS e PPD, não nos podemos esquecer do papel importantíssmo dos EUA ao longo de todo o processo, na figura do seu embaixador Frank Carlucci.  

publicado por Rui Romão às 15:32
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Segunda-feira, 13 de Outubro de 2008

Norte e Sul

Sendo Lisboeta até à última molécula, não cultivo qualquer espécie de rivalidade regional, nomeadamente com o Porto, como é apanágio dos meus conterrâneos. Mais, considero o Porto uma cidade fascinante e, que me perdoem os vimaranenses, o berço da nossa nacionalidade. 

À parte dessas querelas, podemos orgulhar-nos de sermos a mais velha nação europeia e das poucas que não tem dissidências internas. Alguns partidos políticos, de quando em vez, lá tentam cria-las, através de propostas de regionalização. Felizmente que  os portugueses tiveram o bom-senso de recusaram tal artifício em sede de referendo.

Se a unidade nacional não está em causa, isso não invalida que não tenhamos assimetrias internas. Parte dessas assimetrias são decorrentes da forma como o pais se organizou politica, economica e socialmente. A ocupação demográfica na faixa litoral, a desertificação do  interior, o predomínio das actividades agrícolas a sul, etc.

No entanto, existem traços regionais que são muito mais ancestrais, urdidos pelos séculos de história de povoamento, que nalguns casos remontam à fase pré-romana. Desde logo a matriz celtica a norte, onde a presença de cultura castreja moldou indelevelmente o modo de vida dos povos. Com a invasão romana estes castros foram integrados numa unidade administrativa, denominada Galécia, situada a noroeste da península e tendo como sede a então Braccara Augusta (Braga) e que haveria de ser o gérmem da língua Galaico -portuguesa. A troca dos V's pelos B's, tipicamente nortenha, é uma reminiscência do Galaico- português e ainda hoje é um sinal distintivo da pronúncia nortenha.

A sul, a presença muçulmana foi mais marcante. A presença árabe após 711 havaria de introduzir um cunho próprio a esta região. Desde logo na língua (nomeadamente na toponímia), na arquitectura e na organização social. Uma questão que ainda hoje permanece em aberto é o facto de os serracenos terem conquistado quase toda a península num espaço de meses aos Visigodos, e terem sido expulsos apenas em 1492 com a tomada de Granada.

Em Portugal, apenas no reinado de D. Afonso III  (século XIII) se consolidou o dominio cristão. Ou seja, a influencia serracena fez-se sentir ao longo de mais de seis séculos, o que não parece ter sido prejudicial às populações pois estes eram mais tolerantes e mais benévolos do que os senhores visigodos que os antecederam. O próprio culto cristão, as leis e costumes dos povos foram respeitados, ao ponto de se terem construído igrejas cristãs neste período. 

Esta presença cristalizou-se neste estilo contemplativo que caracteriza o sul de Portugal. Pejorativamente associa-se este traço idiossincrático à perguiça, o que não poderia ser mais injusto. A influência a sul traduziu-se no aparecimento dos chamados moçarabes, ou seja autóctones que foram assimilando os valores e a cultura árabe. Hoje em dia, é este o traço cultural e mesmo físico que predomina nas províncias do Alentejo e Algarve, ao passo que a norte a influência visigótica é superior.

Este facto reflecte-se até no cariz mais cristão a norte, face a um maior agnosticismo a sul.

É evidente que esta divisão é artificial, até porque o nosso país goza de boa saúde em matéria de unidade territorial. Outros motivos poderiam ser enunciados, como sejam a maior extensão da propriedade a sul, face a um norte mais povoado e  mais retalhado.

Esta característica latifundiária teve consequências dramáticas a sul após a revolução liberal. As populações tiravam o seu sustento das extensas propriedades que eram pertença das ordens religiosas, pagando uma contrapartida relativamente insignificante em géneros (geralmente ovos, e daí nasceu a doçaria conventual). Com o fim das ordens religiosas, após o célebre decreto do "mata-frades", as terras foram compradas por caciques locais que  colocaram os trabalhadores na antiga condição de assalariados, ou na imposição de contrapartidas muito superiores às que se tinham habituado no antigo sistema de courelas. As consequências foram terríveis, com fomes e revoltas das populações. Penso que será esta a raíz da influência comunista no Alentejo. Uma região rural que, habitualmente, alinha pelo conservadorismo de direita, rendeu-se ao marxismo-leninismo pelo fim da propriedade privada, nomeadamente porque esta propriedade estava na mão de meia dúzia de latifundiários. Tivessem os trabalhadores tomado posse das propriedades em 1834 e o comunismo nunca teria tido expressão na região.

A Norte, com o predomínio da pequena propriedade (privada) as consequências foram insignificantes, não indo para além do deplorável abandono do património religioso.

Trata-se, evidentemente, de uma abordagem simplista, mas que nos faz reflectir sobre a ancestralidade onde radicam algumas características que ainda hoje são observáveis e que nos ajuda a explicar alguns estereótipos regionais 

publicado por Rui Romão às 08:41
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