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D. Afonso IV ficou conhecido na História com o cognome de "O Bravo". Refira-se que a expressão naquela altura não tinha o sentido que tem hoje. Não se tratava de um estado de fúria ou de exaltação mas de uma postura de valentia, de que este monarca não terá pedido meças a ninguém. No entanto, na política diplomática a sua postura foi sempre de um enorme pragmatismo, não raras vezes sacrificando o acessório para garantir o essencial. Foi assim na política com Castela, apesar da desconfiança quase doentia que o atormentou ao longo de todo o seu reinado relativamente ao reino vizinho. Começou por casar a sua filha D. Maria com o Rei Afonso XI para garantir a estabilidade política numa península ibérica onde ainda se fazia sentir a presença moura - apenas eliminada mais de um século depois com a queda de Granada em 1492.
Não obstante, o "Bravo" não hesitou em iniciar uma guerra com o genro, atendendo às queixas da Raínha que se sentia humilhada face à presença na corte da favorita do Rei - Dª Luisa de Gusmão - de cujo enlace nasceu a casa de Trastâmara, que reinou vários anos em Espanha. Essa guerra acabou sem que nada se alterasse no status quo quer na zona de influência de cada reino quer nos vexames que o castelhano infligia à filha do monarca português, mas houve uma clarificação de posições que ficaram plasmadas no Tratado de Sevilha. D. Afonso IV parece que nasceu destinado a conflitos militares com familiares, pois para além do seu genro, digladiou-se internamente com seu pai (na juventude) devido ao favoritismo que este dava ao seu filho bastardo, e com o seu filho (na velhice) devido ao episódio da morte de Inês de Castro.
No entanto, estes conflitos não obstaram a que se esquecesse do acessório (as rivalidades) em nome do interesse comum. Foi assim na Batalha do Salado, unindo-se a Castela para derrotar os mouros num confronto decisivo para cimentar a hegemonia cristã na península. Ou no assassínio de Inês de Castro, provavelmente como forma de impedir que o seu filho e sucessor se envolvesse na guerra civil que opunha os nobres castelhanos a Pedro "o Cruel", que era neto de Afonso IV e primo direito de Pedro de Portugal. O conflito terminou com a morte de Pedro "o Cruel" às mãos do seu meio-irmão Henrique de Trâstamara, filho de Afonso XI e da sua favorita Luisa de Gusmão (a mesma cuja influência na corte motivou a guerra que Afonso IV moveu ao genro). Foi talvez uma jogada pragmática, mas de uma crueldade que não pode ser esquecida, mas era este o modus operandi de "O Bravo". Foi também a primeira possibilidade de termos uma península ibérica unida sob a coroa de um monarca português. Tivemos mais duas hipóteses ao longo da nossa história, mas quis o destino que o infante D. Afonso (filho de D. João II) e Miguel da Paz (filho de D. Manuel) não vivessem o tempo suficiente para alcançar esse desiderato.
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