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Sexta-feira, 1 de Junho de 2012

Biografias

Almada Negreiros escreveu um dia que o ano mais feliz da sua vida seria 1993, ano em que o país inteiro comemoraria o centenário do seu nascimento. A previsão revelou-se pouco acertada, passando a efeméride bem despercebida na sociedade portuguesa. O mesmo não poderia dizer o seu amigo Fernando Pessoa, que embora nunca o tenha dito taxativamente, não terá duvidado da sua glória póstuma. Em 1986 foi transladado para os Jerónimos e em 1988, ano do seu centenário, o país rendeu-lhe uma enorme homenagem. Já um dia escrevi sobre este assunto, atrevendo-me a alvitrar que nem nos melhores sonhos Pessoa poderia antever a dimensão que atingiria a sua obra (apesar de este não ser modesto), e que essa glória, no seu zénite, pudesse ser testemunhada pela sua única amada, Ofélia Queiroz.

Estes dois exemplos ilustram bem a dificuldade em fazer projecções a longo prazo sobre a forma como a obra será valorizada pelas próximas gerações. Conhecem-se inclusivamente casos clássicos de obras que nos chegaram até hoje, porque não foi cumprida a vontade dos seus autores. Os casos clássicos são o de Virgílio, que pediu que destruíssem a sua “Eneida”, ou de Franz Kafka, que também quis que a sua obra, onde se destacam obras-primas como “O Processo”, não sobrevivessem à sua passagem pelo mundo. Em ambos os casos, a vontade dos autores não foi respeitada e a humanidade ficou a ganhar, embora também se tenha que avaliar esta questão no plano ético.

No caso português, Santa-Rita Pintor, na hora da morte (bastante prematura, diga-se) pediu para que destruíssem todos os seus quadros, porque entendia que o seu talento não tinha tido tradução na qualidade da sua obra. A vontade foi cumprida e hoje aquele que foi o introdutor do futurismo na pintura portuguesa está completamente esquecido.

Se não podemos fazer um balanço do que foi a nossa vida na hora da morte, também não podemos traçar o destino de ninguém na hora do seu nascimento. São inúmeros os exemplos que desafiam esta lógica. Na grande epopeia dos descobrimentos, os dois protagonistas desta empresa, Vasco da Gama e Dom Manuel, são heróis completamente improváveis.

Vasco da Gama era filho 2º do Alcaide Mor de Sines. Imagine-se, um filho segundo de um alcaide, que dependia da Ordem de Santiago, cujo mestre era o grande rival do Rei Dom Manuel - por ser filho do seu antecessor, embora a bastardia lhe tenha impedido de aceder ao trono. Como é que o filho cadete de um alcaide que estava na dependência da Ordem de Santiago, cujo Mestre era Dom Jorge, ostracizado por Dom Manuel, vai chefiar uma armada da Ordem de Cristo, cujo mestre era o próprio Rei? O facto de ter sido Vasco da Gama e não o seu irmão mais velho, Paulo da Gama, pode dever-se à saúde débil deste último – que viria, de resto, a falecer no regresso da viagem da Índia. No entanto, a resposta para a questão de fundo repousa, na minha opinião, no tacto político de Dom Manuel, de que deu inúmeras provas no seu reinado, ao não pôr de parte os homens de confiança de Dom João II . Afonso de Albuquerque, que era um dos Ginetes de Dom João II, veio a ser Vice- Rei da Índia, é outro bom exemplo desta política.

Dom Manuel foi Rei ao arrepio de todas as probabilidades. Ele era o 8º filho(!) de um infante. Como vigorava a lei sálica, poderia subir alguns lugares na linha de sucessão por ser homem. No entanto, ele tinha, nada mais, nada menos, do que cinco irmãos mais velhos.

Filho do infante Dom Fernando, sobrinho e herdeiro do Infante Dom Henrique, e de Dona Beatriz, também sobrinha do Infante, era cunhado de Dom João II, que casou com a sua irmã, Dona Leonor. Viu o seu irmão mais velho, Dom Diogo, ser morto às mãos do Rei, por estar a planear um golpe para o eliminar. Foi este facto, associado à morte do sobrinho, Dom Afonso, à não legitimação do Mestre de Santiago, e à morte natural dos seus irmãos mais velhos, que o levou ao trono.

Em suma, a História não se escreve nem quando nascemos nem quando morremos mas pelo que alcançamos neste hiato. Eça escreveu um dia que ele não tinha história, era como a República de Andorra. Enganou-se. Ele foi grande e por isso ficou na História. E neste grupo restrito só ficam os que conseguem deixar um legado importante para os vindouros. É esta a mensagem que eu gostaria de deixar ao Vasco, um dia que ele leia estas linhas.

publicado por Rui Romão às 08:40
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