. O 4 de Julho

. O ABC da Lealdade

. Viva o 25 de Abril...de 1...

. Mário Soares e a III (ou ...

. A Revolução de 1820

. O Longo Processo de Recon...

. A Maldição dos Primogénit...

. Uma Andaluza à Frente dos...

. A Páscoa

. O Herói dos Heróis

.arquivos

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Junho 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Outubro 2007

. Agosto 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

. Março 2007

. Outubro 2006

. Agosto 2006

. Junho 2006

. Maio 2006

. Abril 2006

. Março 2006

Em destaque no SAPO Blogs
pub
Sábado, 23 de Março de 2013

O Herói dos Heróis

Não tivesse como rotina, principalmente às sextas-feiras, ir a Campo de Ourique buscar o meu filho à escola e, provavelmente, nunca me teria surgido a ideia de escrever este texto, apesar da plena consciência da reflexão que aqui aduzirei. Habitualmente passo pela Rua Coelho da Rocha, onde está sediada a Fundação Fernando Pessoa, última morada do escritor no reino dos vivos. Um pouco mais à frente, a umas escassas centenas de metros, fica a Igreja do Santo Condestável, a última morada de Nuno Alvares (no reino dos mortos).

Numa associação rápida realizei algo que até então me tinha passado em claro. A Casa Fernando Pessoa, criada para homenagear o grande poeta, apenas existe porque no século XIV existiu um herói que, contra a opinião dominante, ousou acreditar que era possível manter Portugal como um país livre e independente. Acreditou que conseguíamos, com a nossa força e tenacidade, vencer o arrogante castelhano que nos queria submeter. Foi este herói que abriu caminho para a Dinastia de Avis, obreira da expansão portuguesa, que nos elevou à condição de potência planetária, percursora da globalização. Foi sob o manto e a coroa de monarcas de Avis que explorámos a Costa de África e chegámos à Índia. Não satisfeitos, descobrimos e colonizámos o Brasil. Ninguém conseguiu exprimir esta obra de forma tão bela como Camões:

 

De África tem marítimos assentos

É na ásia mais que todas soberana

Na quarta parte nova os campos ara

E, se mais mundo houvera, lá chegara

 

Camões não sabia que existia Oceânia, mas também nesse continente deixámos um legado histórico. Hoje não oferece dúvidas que foram os portugueses, talvez Cristóvão de Mendonça, os primeiros ocidentais a pisar solo Australiano.

Fernando Pesssoa, tal como Camões, deve a sua glória (em ambos os casos póstuma) à singularidade de conseguirem criar uma obra em português, para falantes de português e com um poder político constituído por portugueses. Fossemos nós apenas uma região espanhola, mesmo que conservássemos uma língua própria, sempre subalterna face à língua franca que seria inevitavelmente o castelhano (como sucede nas regiões espanholas, como por exemplo na Catalunha), e nunca Camões e Fernando Pessoa teriam expressão. O primeiro porque a sua obra, profundamente nacionalista e encomiástica face à nação portuguesa, não teria fonte de inspiração se perdêssemos em Aljubarrota e não tivéssemos expansão. Não existiriam na galeria dos heróis homens como Afonso de Albuquerque, Duarte Pacheco ou Vasco da Gama – para não falar do próprio Nuno Alvares.

O segundo provavelmente não deixaria de ser um grande poeta mas em língua inglesa, não estivesse o seu inegável talento já plasmado nos seus poemas de juventude, escritos na língua de Shakespeare, idioma que dominava completamente devido à sua estadia na África do Sul.

 

Seria injusto evocar apenas a obra épica no legado dos nossos dois maiores poetas. Na lírica camoniana a Canção X, profundamente autobiográfica, seria uma obra-prima em qualquer língua, embora o seu interesse seja concitado principalmente pela tentativa de compreender melhor o poeta, cuja passagem pelo mundo foi bastante parca em documentos.

Pessoa deixou-nos uma arca com milhares de páginas, cujo alcance ainda demorará muitas décadas a apurar. Bastaria evocar o verso de Ricardo Reis, que adoptei como autêntico lema de vida - “Para ser grande, sê inteiro” – para exemplificar o alcance da sua obra. 

         

Não é só Pessoa e Camões que devem a sua obra a homens da gesta de Nuno Alvares. Somos todos nós, que temos esta dívida pelo herói dos heróis portugueses. É a importância deste legado que não me cansarei de evocar ao longo da vida. 

publicado por Rui Romão às 18:40
link do post | comentar | favorito

.D. Afonso Henriques


.

.pesquisar

 

.Setembro 2013

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30

.tags

. todas as tags

blogs SAPO

.subscrever feeds