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Quarta-feira, 28 de Setembro de 2011

Nos 148 Anos do Rei D. Carlos

Carlos I de Portugal.jpg

 

Se fosse vivo, D. carlos completaria hoje 148 anos. Pode parecer estranho esta introdução, uma vez que nunca nenhum ser humano chegou a esta provecta idade, mas parece que esta meta poderá ser alcançada a médio prazo, pelo menos é esta a opinião de George Church, o pai da descoberta do genoma humano.

Não é necessário chegar à idade de um Matusalém para se ser notável, e se existe alguém que foi excepcional em tudo o que fez foi D. Carlos. Elencar os seus méritos deixa-nos quase sem fôlego, tamanhas foram as sua inciativas culturais, cientificas, desportistas e políticas. No campo da cultura, era um pintor de excelência. Mestre na arte de pintar aguarelas, deixou uma obra de craveira internacional, que hoje pode ser observada no Paço de Vila Viçosa. São inúmeros os motivos que o atrairam, mas sem dúvida que foi o mar a sua maior fonte de inspiração. 

O mar não foi apenas cenário dos seus quadros, foi também onde desenvolveu uma profícua actividade de investigação científica em várias campanhas oceanográficas na costa portuguesa onde procedeu à inventariação das espécies sub-aquáticas que vivem nas nossas águas. Podemos conhecer o seu labor científico no Áquário Vasco da Gama, no Dafundo, que foi criado por sua inciativa no ano de 1898 para celebrar os 400 anos da chegada dos portugueses à Índia. Correspondeu-se com Alberto I do Mónaco, também ele um grande amante da oceaonografia, ficando ligados por uma estreita amizade.

Não se ficou por aqui o trabalho científico de D. Carlos. Empreendeu estudos de ornitologia, descrevendo e analisando diversas espécies de aves, no doce remanso da sua Tapada de Vila Viçosa. Nessa mesma tapada costumava promover caçadas, sendo de uma pontaria inigualável. Ainda hoje se conserva um alvo na armaria de Vila Viçosa onde se vê apenas um buraco, mas que foi atravessado por 10 balas....

Foi também um grande incentivador do desenvolvimento do desporto em Portugal, como o ténis (de que era praticante apesar de o seu físico não se assemelhar muito a de um desportista), Futebol e foi ainda o criador do Real Automóvel Clube de Portugal (actual ACP, o maior clube português), tendo desenhado o seu primeiro logotipo. Nas façanhas automobilistas, ficou mais conhecido o seu irmão, D. Afonso, o célebre "arreda", assim conhecido porque insistia em andar nas ruas, ainda não preparadas para a circulação automóvel, a uma velocidade considerável, avisando da sua presença com o "arreda".

No entanto a sua vida política foi difícil e não foi coroada com a mesma glória, principalmente porque não teve tempo de reformar um sistema letárgico e caduco, marcado pela rotação de progressistas e regeneradores e pelo intriguismo, baixa política e pela luta desbragada pelo poder. Era este edifício podre que D. Carlos tentou modificar, mas o contexto político em que viveu não era de feição para tão ciclópica missão. Subiu ao trono em Outubro em 1889, após a morte de seu pai, D. Luis I, na Cidadela de Cascais, e passados alguns meses teve que ceder às pretensões britânicas no célebre ultimatum. Este acontecimento deu novo fôlego ao movimento republicano e levou à primeira tentativa de revolta no Porto em 31 de janeiro de 1891. O Rei apercebeu-se de que este sistema não podia ser regenerado, e apoiado na Ideia Nova de Oliveira Martins tentou mudar por dentro o regime, acabando com aquele rotativismo caduco. Apoiou a dissidência de João Franco dando-lhe plenos poderes para transformar Portugal numa Democracia avançada, mas este sangue novo assustou os republicanos que se aperceberam que com este Rei no trono nunca conseguiam derrubar a monarquia. O edifício podia estar podre mas este Rei chegava para tudo e se ele conseguisse mudar definitivamente o sistema político no seio da monarquia constitucional, isso significaria o fim do sonho da República Portuguesa.

Foi este o leitmotiv do regicídio de 1 de Fevereiro de 1908, onde os republicanos assassinaram, pelas costas, o Rei e o seu sucessor, o promissor D. Luis Filipe. Assim terminou a vida de um Homem notável. 

Neste dia gostaria também de recordar a grande figura de sua mulher e Rainha, D. Amélia de Orleães, que completaria hoje 146 anos.    

publicado por Rui Romão às 08:30
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Domingo, 10 de Fevereiro de 2008

O Dia do Regicídio - 100 Anos Depois (parte III)

Deixo-vos o relato, na primeira pessoa, de como D. Manuel viveu os seus últimos e dramáticos minutos como infante. Eis a minha singela homenagem a esta família, que é também a minha.

“Há já uns poucos de dias que tinha a ideia de escrever para mim estas notas intimas, desde o dia 1 de Fevereiro de 1908, dia do horroroso atentado no qual perdi barbaramente assassinados o meu querido Pae e o meu querido Irmão. Isto que aqui escrevo é ao correr da pena mas vou dizer franca e claramente e também sem estilo tudo o que se passou. Talvez isto seja curioso para mim mesmo um dia se Deus me der vida e saúde. Isto é uma declaração que faço a mim mesmo. Como isto é uma historia intima do meu reinado vou inicia-la pelo horroroso e cruel atentado.

No dia 1 de Fevereiro regressavam Suas Magestades El-Rei D. Carlos I a Rainha a senhora D. Amélia e Sua Alteza o Principe Real de Villa Viçosa onde ainda tinha ficado. Eu tinha vindo mais cedo (uns dias antes) por causa dos meus estudos de preparação para a Escola Naval. Tinha ido passar dois a Villa Viçosa tinha regressado novamente a Lisboa.

Na capital estava tudo num estado excitação extraordinária: bem se viu aqui no dia 28 de Janeiro em que houve uma tentativa de revolução a qual não venceu. Nessa tentativa estava implicada muita gente: foi depois dessa noite de 28, que o Ministro da Justiça Teixeira d'Abreu levou a Villa Viçosa o famoso decreto que foi publicado em 31 de Janeiro. Foi uma triste coincidência ter rubricado nesse dia de aniversário da revolta do Porto. Meu Pae não tinha nenhuma vontade de voltar para Lisboa. Bem lembro que se estava para voltar para Lisboa 15 dias antes e que meu Pae quis ficar em Villa Viçosa: Minha Mãe pelo contrário queria forçosamente vir. Recordo-me perfeitamente desta frase que me disse na vespera ou no próprio dia que regressei a Lisboa depois de eu ter estado dois dias em Villa Viçosa. "Só se eu quebrar uma perna é que não volto para Lisboa no dia 1 de Fevereiro. Melhor teria sido que não tivessem voltado porque não tinha eu perdido dois entes tão queridos e não me achava hoje Rei! Enfim, seja feitaaVossa vontade Meu Deus!

Mas voltando ao tal decreto de 31 de Janeiro. Já estavam presas diferentes pessoas politicas importantes. António José d'Almeida, republicano e antigo deputado, João Chagas, republicano, João Pinto dos Santos, dissidente e antigo deputado, Visconde de Ribeira Brava e outros. Este António José d'Almeida é um dos mais sérios republicanos e é um convicto, segundo dizem. João Pinto dos Santos, é também um dos mais sérios do seu partido. O Visconde de Ribeira Brava, não presta para muito e tinha sido preso com as armas na mão no dia 28 de Janeiro. Mas o António José d'Almeida e João Pinto dos Santos não podiam ser julgados senão pela Câmara como deputados da última Câmara. Ora creio que a tensão do Governo era mandar alguns para Timor tirando assim por um decreto dictatorial um dos mais importantes direitos dos deputados. O Conselheiro José Maria de Alpoim par do Reino e chefe do partido dissidente tinha tido a sua casa cercada pela policia mas depois tinha fugido para Espanha. Um outro dissidente também tinha fugido para Espanha e lá andou disfarçado. Outro que tinha sido preso foi o Afonso Costa: este é do pior do que existe não só em Portugal mas em todo mundo; é medroso e covarde, mas inteligente e para chegar aos seus fins qualquer pouca vergonha lhe é indiferente. Mas isto tudo é apenas para entrar depois mais detalhadamente na história íntima do meu reinado.

Como disse mais atrás eu estava em Lisboa quando foi 28 de Janeiro; houve uma pessoa minha amiga (que se não me engano foi o meu professor Abel Fontoura da Costa) que disse a um dos Ministros que eu gostava de saber um pouco o que se passava, porque isto estava num tal estado de excitação. O João Franco escreveu-me então uma carta que eu tenho a maior pena de ter rasgado, porque nessa carta dizia-me que tudo estava sossegado e que não havia nada a recear! Que cegueira!

Mas passemos agora ao fatal dia 1 de Fevereiro de 1908 sábado. De manhã tinha eu tido o Marquês Leitão e o King. Almocei tranquilamente com o Visconde d'Asseca e o Kerausch. Depois do almoço estive a tocar piano, muito contente porque naquele dia dava-se pela primeira vez "Tristão e Ysolda" de Wagner em S. Carlos. Na vespera tinha estado tocando a 4 mãos com o meu querido mestre Alexandre Rey Colaço o Septuor de Beethoven, que era, e é uma das obras que mais aprecio deste génio musical. Depois do almoço à hora habitual quer dizer às 13:15h comecei a minha lição com o Fontoura da Costa, porque ele tinha trocado as horas da lição com o Padre Fiadeiro. A hora do Fontoura era às 17:30h. acabei com o Fontoura às 15 horas e pouco depois recebi um telegrama da minha adorada Mãe dizendo-me que tinha havido um descarrilamento na Casa-Branca, mas não tinha acontecido nada, mas que vinham com três quartos de hora de atraso. Vendo que nada tinha acontecido dei graças a Deus, mas nem me passou pela mente, como se pode calcular o que havia de acontecer. Agora pergunto-me eu aquele descarrilamento foi um simples acaso? Ou foi premeditado para que houvesse um atraso e se chegasse mais tarde? Não sei. Hoje fiquei em dúvida. Depois do horror que se passou fica-se duvidando de muita coisa. Um pouco depois das 4 horas saí do Paço das Necessidades num "landau" com o Visconde d'Asseca em direcção ao Terreiro do Paço para esperarmos Suas Magestades e Alteza. Fomos pela Pampulha, Janelas Verdes, Aterro e Rua do Arsenal. Chegámos ao Terreiro do Paço. Na estação estava muita gente da corte e mesmo sem ser. Conversei primeiro com o Ministro da Guerra Vasconcellos Porto, talvez o Ministro de quem eu mais gostava no Ministério do João Franco. Disse-me que tudo estava bem.

Esperamos muito tempo; finalmente chegou o barco em que vinham os meus Paes e o meu Irmão. Abracei-os e viemos seguindo até a porta onde entramos para a carruagem os quatro. No fundo a minha adorada Mãe dando a esquerda ao meu pobre Pae. O meu chorado Irmão deante do meu Pae e eu deante da minha mãe. Sobretudo o que agora vou escrever é que me custa mais: ao pensar no momento horroroso que passei confundem-se-me as ideias. Que tarde e que noite mais atroz! Ninguem n'este mundo pode calcular, não, sonhar o que foi.creio que só a minha pobre e adorada Mãe e Eu podemos saber bem o que isto é! vou agora contar o que se passou n'aquella historica Praça.

Sahimos da estação bastante devagar. Minha mãe vinha-me a contar como se tinha passado o descarrilamento na Casa-Branca quando se ouvio o primeiro tiro no Terreiro do Paço, mas que eu não ouvi: era sem duvida um signal: signal para começar aquella monstrosidade infame, porque pode-se dizer e digo que foi o signal para começar a batida. Foi a mesma coisa do que se faz n'uma batida às feras: sabe-se que tem de passar por caminho certo: quando entra n'esse caminho dá-se o signal e começa o fogo! Infames! Eu estava olhando para o lado da estatua de D. José e vi um homem de barba preta , com um grande "gabão". Vi esse homem abrir a capa e tirar uma carabina. Eu estava tão longe de pensar n'um horror d'estes que me disse para mim mesmo, sabendo o estado exaltação em que isto tudo estava "que má brincadeira". O homem sahiu do passeio e veio se pôr atraz da carruagem e começou a fazer fogo.

Faço aqui um pequeno desenho para mesmo me ajudar.





1) Estátua de D. José
2) Sítio onde estava o Buissa o homem das barbas
3) Lugar onde elle começou a fazer fogo
4) Sítio aproximadamente onde devia estar a carruagem Real quando o homem começou a fazer fogo
5) Portão do Arsenal
6) Praça do Pelourinho
7) Sítio aproximadamente donde sahiu o tal Costa que matou o meu Pae.

Quando vi o tal homem das barbas que tinha uma cara de meter medo, apontar sobre a carruagem percebi bem, infelizmente o que era. Meu Deus que horror. O que então se passou só Deus minha mãe e eu sabemos;(...).

«(...) O que então se passou. Só Deus minha Mãe e eu sabemos; porque mesmo o meu querido e chorado Irmão presenceou poucos segundos porque instantes depois também era varado pelas balas. Que saudades meu Deus! Dai-me a força Senhor para levar esta Cruz, bem pesada, ao Calvário! Só vós, Meu Deus sabeis o que tenho sofrido!

Logo depois do Buíça ter feito fogo (que eu não sei se acertou) começou uma perfeita fuzilada, como numa batida às feras! Aquele Terreiro do Paço estava deserto nenhuma providência! Isso é que me custa mais a perdoar ao João Franco. Se durante o seu ministério sobretudo na parte da ditadura cometeu erros isso para mim é menos. Tenho a certeza que a sua intenção era muito boa; os meios é que foram maus, péssimos, pois acabou da maneira mais atroz que jamais se poderia imaginar. Quando se lhe dizia que isto ia mal que havia anarquistas no nosso País ele não acreditou. O primeiro sintoma que eu me lembro de ter havido foi a explosão daquelas bombas na Rua de Santo António à Estrela. Recordo-me perfeitamente a impressão que me fez quando soube! Foi no Verão estávamos então na Pena. Quem me diria o que havia de acontecer 6 ou 8 meses depois! Mas voltando novamente ao pavoroso atentado.

Sei de um dos comandantes da polícia o Coronel Correia estava muito inquieto e o João Franco não acreditava que pudesse ter lugar qualquer coisa desagradável, quanto menos um horror destes, e infelizmente não estavam tomadas providências nenhumas.

Imediatamente depois do Buíça começar a fazer fogo saiu de debaixo da Arcada do Ministério um outro homem que desfechou uns poucos de tiros à queima-roupa sobre o meu Pai; uma das balas entrou pelas costas e outra pela nuca, que O matou instantaneamente. Que infames! para completarem a sua atroz malvadez e sua medonha covardia fizeram fogo pelas costas. Depois disto não me lembro quase do resto: foi tão rápido! Lembra-me perfeitamente de ver a minha adorada e heróica Mãe de pé na carruagem com um ramo de flores na mão gritando àqueles malvados animais, porque aqueles não são gente «infames, infames».

A confusão era enorme. Lembra-me também e isso nunca poderei esquecer, quando na esquina do Terreiro do Paço para a Rua do Arsenal, vi o meu Irmão em pé dentro da carruagem com uma pistola na mão. Só digo d'Ele o que o Cónego Aires Pacheco disse nas exéquias nos Jerónimos: «Morreu como um herói ao lado do seu Rei»! Não há para mim frase mais bela e que exprima melhor todo o sentimento que possa ter.

Meu Deus que horror! Quando penso nesta tremenda desgraça, ainda me parece um pesadelo!

Quando de repente já na Rua do Arsenal olhei para o meu queridíssimo Irmão vi-O caído para o lado direito com uma ferida enorme na face esquerda de onde o sangue jorrava como de uma fonte! Tirei um lenço da algibeira para ver se lhe estancava o sangue: mas que podia eu fazer? O lenço ficou logo como uma esponja.

No meio daquela enorme confusão estava-se em dúvida para onde devia ir a carruagem: pensou-se no hospital da Estrela, mas achou-se melhor o Arsenal. Eu também, já na Rua do Arsenal fui ferido num braço por uma bala. Faz o efeito de uma pancada e um pouco uma chicotada: foi na parte superior do braço direito.

Agora que penso ainda neste pavoroso dia e no medonho atentado parece-me e tenho quase a certeza (não quero afirmar porque nestes momentos angustiosos perde-se a noção das coisas) que eu escapei por ter feito um movimento instintivo para o lado esquerdo.

Na segunda carruagem vinham os Condes de Figueiró e o Marquês de Alvito e na terceira o Visconde de Asseca, o Vice-Almirante Guilherme A. de Brito Capelo e o Major António Waddington. Quando vínhamos a entrar o portão do Arsenal a Condessa de Figueiró entrou também na nossa carruagem e lembra-me que o Visconde de Asseca e o Conde de Figueiró vinham ao lado da carruagem. Dentro do Arsenal saí da carruagem primeiro e depois a minha adorada Mãe. Foi verdadeiramente um milagre termos escapado: Deus quis poupar-nos! Dou Graças a Deus de me ter deixado a minha Mãe que eu tanto adoro. Sempre foi a pessoa que eu mais gostei neste mundo e no meio destes horrores todos dou e darei sempre graças a Deus de me A ter conservado!

Quando a Minha adorada Mãe saiu da carruagem foi direita ao João Franco que ali estava e disse-lhe ou antes gritou-lhe com uma voz que fazia medo «Mataram El-Rei: Mataram o meu Filho». A minha pobre Mãe parecia doida. E na verdade não era para menos: Eu também não sei como não endoideci. O que então se passou naquelas horas no Arsenal ninguém pode sonhar! A primeira coisa foi que perdi completamente a noção do tempo. Agarrei a minha pobre e tão querida Mãe por um braço e não larguei e disse à Condessa de Figueiró para não a deixar.

Contudo ia entrando muita gente da Casa, diplomatas, os ministros e mesmo ministros de Estado honorários.

Estava-se ainda na dúvida (infelizmente de pouca duração se ainda viviam os dois entes tão queridos! Estavam lá muitos médicos entre outros o Dr. Bossa (que me parece foi o primeiro que chegou) o Dr. Moreira Júnior e o Dr. D. António Lencastre. Contou-me depois (já alguns dias depois) o Dr. Bossa que logo que chegou acendeu um fósforo e ainda as pupilas se retraíram. Quando porém repetiu a experiência nem mesmo esse pequeno sinal de vida lhe restava.

Descansa em paz no sono Eterno e que Deus tenha a Tua Alma na sua Santa Guarda!

De meu Pai e mesmo meu Irmão não tinha grandes esperanças que pudessem escapar. As feridas eram tão horrorosas que me parecia impossível que se salvassem. Como disse já lá estava o Ministério todo menos o Ministro da Fazenda Martins de Carvalho.

Isso é que nunca poderei esquecer é que fazendo parte do Ministério do meu querido Pai quando foi assassinado não foi ao Arsenal! Diz-se (não o quero afirmar) que fugiu para as águas-furtadas do Ministério da Fazenda e ali fechou a porta à chave! seja como for há agora seis meses que Meu Pai e Meu Irmão de chorada memória foram assassinados e nunca mais aqui pôs os pés! Acho isso absolutamente extraordinário!... para não dizer mais.

Preveniu-se para o Paço da Ajuda a minha pobre Avó para vir para o Arsenal. Eu não estava quando Ela chegou. Estavam-me a tratar o braço na sala do Inspector do Arsenal.

Quando a Avó chegou foi direita à minha Mãe e disse-lhe «On a tué mon fils!» e a minha Mãe respondeu-lhe: «Et le mien aussi!» Meu Deus dai-me força. Mas antes disto houve diferentes coisas que quero contar.

A minha pobre e adorada Mãe andava comigo pelo Arsenal de um lado para o outro com diferentes pessoas: Conde de Sabugosa, Condes de Figueiró, Condes de Galveias e outros falando de sempre num estado de excitação indescritível mas fácil de compreender. De repente caiu no chão! Só Deus e eu sabemos o susto que eu tive! Depois do que tinha acontecido veio aquela reacção e eu nem quero dizer o que primeiro me passou pela cabeça.

Depois vi bem o que era: o choque pavoroso fazia o seu efeito! Minha Mãe levantou-se quase envergonhada de ter caído. É um verdadeiro herói. Quem dera a muitos homens terem a décima parte da coragem que a minha Mãe tem.

Tem sido uma verdadeira mártir! O que eu rogo a Deus sempre e a cada instante é para m'A conservar!

Pouco tempo depois de termos chegado ao Arsenal veio ainda o major Waddington dizendo que os Queridos Entes ainda estavam vivos; mas infelizmente pouco tempo depois voltou chorando muito. Perguntei-lhe «Então?» Não me respondeu. Disse-lhe que tinha força para ouvir tudo. respondeu-me então que já ambos tinham falecido! Dai-lhes Senhor o Eterno descanso e brilhe sobre Eles a Vossa Luz Eterna Ámen!

Pouco depois vi passar João Franco com o Aires de Ornelas (Ministro da Marinha) e talvez (disso não me lembro ao certo) com o Vasconcelos Porto, Ministro da Guerra, dirigindo-se para a Sala da Balança para telefonarem que se tomassem todas as previdências necessárias. São isto cenas, que viva eu cem anos, ficarão gravadas no meu coração. Agora já era noite o que ainda tornava tudo mais horroroso e sinistro: estava já então muita gente no Arsenal, e principiou-se a pensar no regresso para o Paço das Necessidades. No presente momento em que estou escrevendo estas linhas estou repassando com horror, tudo no meu pensamento! Entrámos então para o landau fechado, a minha Avó, minha Mãe e o Conde de Sabugosa e eu. Saímos do Arsenal pelo portão que deita para o Cais do Sodré onde estava um esquadrão da Guarda Municipal comandado pelo Tenente Paul: Na almofada ia o Coronel Alfredo de Albuquerque: à saída entregaram ao Conde de Sabugosa um revólver; minha Avó também queria um.

Viemos então a toda brida para o Paço das Necessidades. À entrada esperavam-nos a Duquesa de Palmela, Marquesa do Faial, Condessa de Sabugosa, Dr.D.Thomaz de Mello Breyner, Conde de Tattenbach, Ministro da Alemanha e a Condessa, e muitos criados da casa. Foi uma cena horrorosa! Todos choravam aflitivamente. Subimos muito vagarosamente a escada no meio dos prantos e choros de todos os presentes. Acompanhei a minha pobre e adorada Mãe até ao seu quarto e deixei a minha pobre Avó na sala.


publicado por Rui Romão às 11:08
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Terça-feira, 5 de Fevereiro de 2008

O Dia do Regicídio - 100 Anos depois (Parte II)

 16:30 – Em Direcção ao Terreiro do Paço.

Saio do café gelo e dirijo-me para o local do crime.  Passo pela Rua 1º de Dezembro em direccção à  Rua do Ouro. Aí, observo um motociclista que passa com a Bandeira Azul e Branca. É sexta-feira e o trânsito está intenso. Chegado ao Terreiro do Paço deparo-me com uma faixa negra, claramente anarquista, colocada na estátua de D. José, com a inscrição Amo-te. Não sei se se consideram filhos da carbonária, no entanto têm tanto direito a expressar as suas ideias, mesmo que sejam idiotices, como qualquer outro grupo.  

São 17 horas. A este hora, há cem anos atrás, o vapor D. Luis já estaria a beijar o Cais das Colunas, com a família Real e toda a comitiva a bordo. O Rei regressava do seu retiro calipolense, onde tinha permanecido durante todo o mês de Janeiro. D Manuel refere na sua descrição do regicídio que o monarca tinha expressado o seu desejo inexorável de regressar à Capital nos seguintes termos  “só se quebrar uma perna é que não regressarei a Lisboa no dia 1 de Fevereiro”. Antes tivesse quebrado e poupar-nos-ia a esta tragédia.   Nesse mesmo dia, a comitida tinha ficado retida em Casa Branca devido a um descarrilamento. De resto, seria este acontecimento que o Príncipe D. Luis Filipe relatava a D. Manuel quando se deu início ao atentado.

100 anos depois, também experimentei a sensação de cruzar o Tejo, do Barreiro ao Terreiro do Paço. Não num vapor, mas a bordo de um moderno catamarã. Foi de manhã, mas não desembarquei no Cais das Colunas, então proscrito, oxalá que por pouco tempo.

D. Manuel tinha antecipado o regresso, por forma a poder preparar a sua entrada  na Escola Naval. Para além do Infante D. Manuel, a família real era esperada no Cais das Colunas pelo Presidente do Conselho, João Franco, pelo Duque do Porto e irmão do Rei, o “motorizado” D. Afonso Henriques, bem como por vários membros da corte.

O momento do desembarque do monarcas ficou imortalizado pela “chapa” de Joshua Benoliel. À saída do vapor D. Luis, foi oferecido um ramo de rosas à Rainha, que viria a servir de arma contra os regicídas. À saída do Cais das Colunas, D. Carlos troca umas breves palavras com João Franco, ficando combinada uma reunião mais detalhada no Palácio das Necessidades. João Franco tinha colocado à disposição do Rei um automóvel, oferta recusada imediatamente. Chegados ao landau,  El Rei mandou recolher a capota, que então cobria a carruagem. Era um Sábado solarengo, e o Rei queria mostrar a todos que não se escondia. “As minhas pistolas estão sempre carregadas” retorquia.

As 17:15 tiveram início as cerimónias. O local do fatídico atentado primava pela discrição. Uma tarja alusiva à Comissão D. Carlos 100 suspensa entre duas colunas no lado ocidental do Terreiro do Paço e uns suportes publicitários com imagens do Rei, sob o título “Um Rei Constitucional”. Na esquina com a Rua do Arsenal, onde Bento Caparica, o cocheiro real, conduziu a carruagem desgovernada no meio da chuva de balas, algumas centenas de pessoas vão-se aglomerando para assitir à cerimónia. Identifico 3 elementos da banda do Colégio Militar, instituição  de que  o Rei e o Príncipe Real  foram comandantes de batalhão  honorários. Neste momento não posso deixar de lamentar a proibição do ministro da Defesa, Severiano Teixeira, à última hora, da participação da Banda do Exército nas cerimónias.  Para além do aparato das televisões e dos reporteres, identifico Gonçalo Ribeiro Telles, Rui Carp, Miguel Sousa Tavares e Miguel Horta e Costa, este último na condição de membro da Comissão D. Carlos 100 anos.

A chegada do Duque de Bragança foi bastante aplaudida, onde não faltou o “viva o Rei”, no entanto D. Duarte não proferiu nenhum discurso. A sua participação  revestiu-se de maior simbolismo no momento da colocação de uma coroa de flores, em parceria com o seu filho Afonso, Príncipe da Beira, por debaixo da lápide alusiva ao regicídio.

A presente lápide foi inaugurada por ocasião do 98º aniversário do atentado, às expensas da Real Associação de Lisboa. Muitos anos antes, quando Portugal era ainda um reino, existiu um homem que se bateu, praticamente sozinho, pela colocação de uma placa evocativa desta trágica efeméride. Esse homem foi Bernardo Pinheiro Correia de Mello, Conde de Arnoso, uma das figuras de maior destaque no meio intelectual português do final do século XIX. Amigo de Eça, a quem lhe trouxe uma “Cabaia” numa viagem oficial que fez à China -  que podemos apreciar na Fundação Eça de Queirós, na sua “Tormes” -  fez parte de um grupo de jovens intelectuais do seu tempo, onde figuravam alguns republicanos como Guerra Junqueiro, os auto-designados “Vencidos da Vida”. Foi igualmente, em conjunto com Ramalho Ortigão, o maior dinamizador da construção da estátua do romancista, onde ainda hoje se encontra uma réplica, no Largo Barão de Quintela. A sua insistência na defesa da colocação da lápide evocativa do regicídio grangeou-lhe, nos meios republicanos, a alcunha de “Conde da Lápide”.

Às 17:20 o landau inicia a sua marcha.

  

publicado por Rui Romão às 11:50
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Sábado, 2 de Fevereiro de 2008

O Dia do Regicídio - 100 anos depois (Parte 1)

Café Gelo – 16:00 dia 1 de Fevereiro de 2008.

Aquilino Ribeiro chamou-lhe a sede da ala demagógica da Carbonária. Centro conspirativo por excelência, o Café Gelo  funcionou como uma espécie de sede  “informal” da ala mais radical da maçonaria. O regicídio foi urdido nestas 4 paredes, ou pelo menos o assassínio de uma figura importante do regime. Aquilino, revolucionário confesso, refere que o objectivo era matar o presidente do Conselho, João Franco, qualificando o assassinato do Rei de um “grande desacerto”. Infelizmente, não acredito nem na cândida inocência do autor de ”Quando os Lobos Uivam”, nem tão pouco na sua absolvição de participação em actividades criminosas, mais concretamente num regicídio.

Como seria diferente a Lisboa nos tempos em que o Café Gelo era frequentado pelos Costas (Alfredo e Afonso), Buiça, Aquilino e outros demagogos radicais da Carbonária.   Peço um café e uma “madalena” ao mesmo tempo que não consigo parar de olhar em volta. Da mesa onde me encontro observo o Restaurante Leão D’Ouro, outro local histórico da baixa pombalina. Imortalizado na tela “O Grupo do Leão” pelo mestre Columbano Bordalo Pinheiro,  foi o ponto de encontro e de tertúlia de um destacado grupo de intelectuais no último quartel do século XIX. Entre as figuras célebres desse grupo destacam-se José Malhoa, Silva Porto e Rafael Bordalo Pinheiro, para além do próprio Columbano.

A lado do Leão D’Ouro surge a imponente estação do Rossio. Em estilo neo-manuelino, talvez seja o melhor exemplo que nos ficou do ressurgimento do espírito imperial na Europa.  Foi este movimento que deu origem à Conferência de Berlim de 1884, e que em Portugal resultou, sob o alto patrocínio do Rei D. Luis, à fundação da Sociedade de Geografia. Foi às portas de Santo Antão que começou a ser idealizada uma África portuguesa, de Angola à contra-costa, e que daria origem ao célebre “ultimatum” britânico, que abalou o início do reinado de D. Carlos.  

Foi na então nova estação de Lisboa que, em 1906, o malogrado Príncipe Real D. Luis Filipe, na condição de regente do Reino,  esperou os monarcas de regresso da sua bem sucedida viagem à Espanha de Afonso XIII.

De regresso ao Café Gelo. É um espaço agradável, moderno, com vidros amplos  para o exterior. As  paredes são claras, envoltas com lambrís em mármore escuro. Os candeeiros são em forma quadrangular, cobertos num revestimento branco, conferindo um toque de irreverência ao local. O atendimento é rápido e eficiente. À primeira vista, nada diria que este café teria tanto para contar. Digo à primeira vista porque, numa feliz conjugação entre o passado e o futuro, são várias as pistas que nos levam a concluir que aquele não é um café como os outros.

 

Como referi, estas paredes não deixam de evocar a história que este espaço carrega. Com duas entradas, para o Rossio  e  para a actual  Rua 1º de Dezembro (antiga Rua do Príncipe)  tenho à minha direita várias fotografias do café ao longos do tempo. Começa com uma imagem do início do século XX, contemporâneo da conspiração dos carbonários, continuando com imagens de 1961, quando várias personalidades pertencentes ao movimento modernista frequentavam este local, entre os quais Mário Cesarini,  e  finalmente em 2007, provavelmente por altura da remodelação que deu origem à sua configuração actual.

Atrás de mim, a maior gravura. Compreensivelmente, alusiva ao regicídio. Não se conhecem fotografias do atentado. A razão é simples, os fotografos já se tinham dirigido para o Palácio das Necessidades, local previsto da chegada da comitiva. A última tirada aos monarcas é da autoria de Joshua Benoliel à saída do cais das colunas. Nela se pode ver o rosto apreensivo de D. Carlos e de  Dª Amélia, conscientes do clima conspirativo que os aguardava. O Rei recusou o automóvel que João Franco colocou à sua disposição, preferindo a carruagem aberta, para dar um sinal de normalidade.

O ambiente estava tenso, a revolução de 28 de Janeiro, conhecida como a Revolta da Biblioteca, tinha sido gorada e o desespero era grande entre os conspiradores. O decreto a autorizar o degredo para as colónias, assinado pelo Rei em Vila Viçosa, ainda por cima na data da primeira revolução republicana no Porto (31 de janeiro) foi a pedra de toque para a urdidura.

Em frente do balcão corrido em inox, fotografias de várias personalidades, passando pelo própro Rei D. Carlos, Afonso Costa e Mario Cesarini, para citar apenas alguns. Na porta de acesso ao Rossio, uma grande placa expõe, sumariamente, a história do café, evocando o regicídio, bem como o movimento de contestação ao regime de Salazar.   

publicado por Rui Romão às 18:29
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Segunda-feira, 19 de Março de 2007

O Marquês da Bacalhoa

 

 

O Marquês da Bacalhoa não consta nos livros de linhagens da nobreza Portuguesa. Nunca existiu ninguém que tivesse ostentado esse título, nem tão pouco se conhecem pretendentes. No entanto,ele serviu de título ao livro mais polémico editado em todo o século XX em Portugal. Nenhum outro teve impacto semelhante nas esferas políticas do país, nem o célebre "Portugal e o Futuro" do General Spínola. O Marquês da Bacalhoa foi escrito por António de Albuquerque, escritor praticamente desconhecido nos dias que correm, e relata a vivência de uma família aristocrática, residente em Azeitão (Palácio da Bacalhoa). Na narrativa são relatados factos pouco abonatórios, onde se contam relações extra-conjugais, lesbianismo e outras pequenas intrigas palacianas. O livro não seria polémico, nem o impacto que viria a ter, não fosse esta obra um autêntico libelo difamatório em relação à família real portuguesa. O "Marquês" da Bacalhoa retratava, nem mais nem menos, que o Rei D. Carlos I (proprietário do palácio da Bacalhoa)e a "Marquesa" Raínha DªAmélia, sendo o livro especialmente cáustico em relação a esta última-acusada de manter uma relação amorosa com Mousinho de Albuquerque e com uma dama da corte. O propósito do livro era, evidentemente, desacreditar a família real, indo ao encontro dos desejos da turba republicana. António de Albuquerque, autor mediocre ao nível de um Guerra Junqueiro, apenas se notabilizou por esse romance supostamente "neo-queiroziano". Albuquerque foi um arrependido amargurado, chegando inclusivamente a depositar num notário uma declaração de arrependimento em relação à Rainha Dª Amélia e ao Rei D. Carlos (este último a título póstumo).  A sua penitência de pouco serviu, numa altura em que já agonizava, pois os ventos da história já sopravam noutra direcção. O seu livro, tal como o célebre "Caçador Simão", apenas tiveram o impacto social (hoje diria-se mediático) pelo facto de irem ao encontro das pretensões republicanas. Quando António de Albuquerque se retratou, em 1921, já a burguesia se passeava pelos corredores do (tumultuoso) poder republicano, pelo que o impacto foi praticamente nulo. Ficou o gesto da Raínha Dª Amélia, que vivendo a sua viuvez no exílio, teve a atitude magnânime de perdoar quem a vilipendiou de uma forma perfeitamente arbitrária e injusta. António de Albuquerque também detém o seu quinhão nas balas do 1º de Fevereiro, mas, façamos-lhe justiça, foi o único que no seu leito de morte teve a lucidez de reconhecer as suas faltas, dando a devida publicidade ao acto .

 

 

publicado por Rui Romão às 14:45
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