. Viva o 25 de Abril...de 1...
. Mário Soares e a III (ou ...
. O Longo Processo de Recon...
. A Maldição dos Primogénit...
. Uma Andaluza à Frente dos...
. A Páscoa
Marx previa o aparecimento do comunismo nos paises europeus mais industrializados. Quando morreu, em 1883, estava convencido que seria na Europa Central, quiçá na sua Alemanha, que este movimento iria dar os primeiros passos, espalhando-se subsequentemente, como uma espécie de dominó comunista, aos restantes paises industrializados. Estaria longe de supôr que este fenómeno surgiria num país onde 90% da sua população estava ligada à agricultura.
Esta sua tese fundamenta-se na bibliografia publicada como "A Ideologia Alemã", "O Manifesto do Partido Comunista" e o 1º volume de "O Capital", sempre em parceria com o inseparável Engels.
Em linhas gerais, Marx defendia que a História sempre registara tensões sociais. Ao longo dos tempos expõe a sua teoria, que denominou de "Materialismo Histórico e Dialéctico", segundo a qual - e de acordo com a matriz hegueliana - a história teria avançado através da oposição de classes, que levariam ao aparecimento de uma terceira, resultante da síntese entre a tese e a antítese. Esta teoria, aplicada ao contexto político, social e económico contemporâneo de Marx levaria a concluir que existiriam duas classes fundamentais (não eram as únicas como erroneamente já vi escrito): a Burguesia e o Proletariado.
A primeira servia-se de instituições como a religião, sistema de ensino e, sobretudo, do Estado para manter esta situação de exploração do proletariado pelas classes dominantes.
À luz desta dialéctica, a tese - sociedade burguesa - seria sucedida de uma antítese -a apropriação do Estado por parte dos proletários com a eliminação de todas as instituições burguesas - e após a apropriação do Estado surgiria a sintese - Sociedade Comunista - com a eliminação do próprio Estado e onde se viveria numa sociedade sem classes.
É evidente que esta teoria nunca passou do plano utópico, porquanto que as experiências comunistas foram a antítese do preconizado pelo pai do Comunismo, ou não fossem, em grande parte, resultado da interpretação (muito livre) de Lenine no seu célebre "O Que Fazer". Nesta obra, que se tornou uma espécie de "Bíblia comunista", é feita a adaptação da doutrina de Marx a um Estado Moderno, e onde se pode encontrar a génese da ditadura do proletariado, do centralismo "democrático", e de outros conceitos que mal disfarçam o seu espírito profundamente anti-democrtático.
A Revolução de 1917 apenas pode ser compreendida se retrocedermos até 1905, ou seja à guerra Russo-Japonesa. Este conflito foi motivado por questões territoriais, nomeadamente pela soberania da região da Manchúria. Por detrás deste argumento é evidente que estava também um incontido desejo de afirmação por parte dos japoneses, que queriam ser tratados de igual para igual pelas potências do Velho Continente.
A derrota russa foi amplamente noticiada por ser absolutamente inédita, tratando-se de um país europeu face a um asiático. Este desaire foi escarnecido um pouco por toda a parte, com igual repercussão em Portugal, contra o qual se insurgiu Fernando Pessoa, que se assumiu como uma espécie de "advogado de defesa" da Rússia.
As sequelas deste conflito foram enormes do ponto de vista material para o povo russo. Seja pela afronta ou pelas privações que sofreram, a contestação atingiu proporções elevadas, com o povo a arregimentar-se em grupos de contestação locais - os soviets (que literalmente significa concelho) - desencadeando um clima de revolta generalizada. Este movimento culminou com a cedência do Imperador face às reivindicações populares, ao empreender reformas que, grosso modo, levaram à instauração de um regime liberal, com um parlamento eleito e estruturas democráticas.
Os Soviets eram estruturas informais sem qualquer ligação política, mas que paulatinamente começaram a sentir a influência do Partido Operário Social-Democrata Russo de Lenine.
A abertura do Imperador foi mais cosmética do que real, pelo que 12 anos mais tarde, com as sequelas de uma nova guerra (a 1º Guerra Mundial), eclodiu em Fevereiro de 1917 uma revolta generalizada (com forte participação dos Soviets) e que levou à abdicação do Csar e ao assumir dos destinos do país por um político moderado que na altura presidia ao parlamento (a Duma) de seu nome Kerensky. Costuma-se chamar à Revolução de Fevereiro a Revolução Menchivique, embora não seja exacto, porquanto que houve participação de Bolcheviques, tendo sido, inclusivé, o primeiro passo para estes últimos chegarem ao poder.
Bolcheviques e Mencheviques digladiaram-se nos primeiros anos de formação do Partido Operário Social-Democrata Russo, nomeadamente pela via que preconizavam para o partido e para a revolução. Os Mencheviques eram mais moderados, defendendo que a adesão ao partido apenas dependeria da contribuiçao pecuniária e do perfilhar dos seus ideais. Os Bolcheviques, por seu turno, consideravam que isso não bastava, sendo necessário que os seus membros do partido fossem autênticos "profissionais", ou seja que se dedicassem à luta partidária. Foi este antagonismo que provocou a cisão, com os bolcheviques a fundarem mais tarde (após a revolução de 1917) o Partido Comunista da União Sovética.
A figura que se destaca neste período foi a de Kerensky, que, involutariamente, acabou por ser o operacional que abriu caminho à Revolução Bolchevique, 8 meses mais tarde. Kissinger, secretário de Estado do presidente Nixon, que era o homem forte da diplomacia americana no período revolucionário português, via "Kerenskys" em todo o lado, desde logo em Mário Soares, passando por Costa Gomes e Melo Antunes. Suponho que, seguindo a mesma analogia, Lenine e Trotsky seriam Cunhal e Vasco Gonçalves (ou vice-versa).
O que é certo é que a revolução portuguesa teve alguma encenação por parte do PCP, tendo por modelo a revolução de Outubro. Desde logo, a chegada de Cunhal do exílio, agarrado aos militares (foi como chegou Lénine do seu exílio, na Suiça, à Estação de Petrogrado) até ao 1º de Maio onde Cunhal se voltou a agarrar (literalmente) aos militares naquela mística associação povo, partido(s) e MFA. Astutamente, este pormenor não passou despercebido a Mário Soares, que, desde esse dia, começou a desconfiar (e bem) que os comunistas queriam substituir uma ditadura por outra - embora de sentido contrário
Aliás, denomina-se de Revolução de Outubro mas, curiosamente, teve lugar em Novembro (no Calendário Gregoriano), porque na altura os russos seguiam ainda o calendário Juliano.
Numa Europa dilacerada pela Guerra, onde os Russos afinaram pelo diapasão aliado, a Revolução Russa e a subsequente guerra civil pôs o país fora do conflito mundial, perante a indignação dos aliados que viram a Alemanha a libertar recursos com a supressão da frente russa.
Com o fim da Grande Guerra e da vitória bolchevique na guerra civill, sucederam-se tentativas de instauração de regimes comunistas, à imagem da revolução Russa, nomeadamente na Alemanha e Itália. No entanto, esses movimentos foram mal-sucedidos, com a instauração de regimes de sentido contrário, como foi o caso de Mussulini em Itália (ele que na juventude era director de um jornal socialista!) e na Alemanha de Hitler, embora neste caso por via democrática (após várias tentativas de golpes militares, o mais conhecido dos quais o célebre "putsh da cervejaria").
No entanto, o expansionismo soviético teve que esperar pela segunda guerra mundial para ver aumentada (e de que maneira!) a influência de Moscovo.
. Os meus links