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É comum identificar 4 Dinastias reinantes em Portugal: Afonsina, Avis, Filipina (ou Habsburgo) e Bringatina.
Em rigor não estamos a falar de quatro dinastias, mas tão-somente de 4 ramos de uma só dinastia. Vejamos.
D. Afonso Henriques fundou a Dinastia borgonhesa que se extinguiu formalmente com a morte de D. Fernando I. Sucedeu-lhe D. João I, Mestre de Avis, e putativo fundador da 2ª dinastia. Sucede que o Mestre não só era irmão do Rei finado, como era filho natural do "justiceiro" D. Pedro I, antecessor de D. Fernando I.
A designada Dinastia de Avis tem o seu ocaso com o Cardeal-Rei D. Henrique. Sucede-lhe Felipe II de Habsburgo (com uma breve escaramuça pelo meio, para os lados de Alcântara). Felipe II era filho do Imperador Carlos V e da Infanta D. Isabel, ou seja neto de D. Manuel I. Embora legitimamente o trono coubesse à Duquesa de Bragança, os laços de parentesco de Felipe II com a coroa portuguesa são evidentes.
A casa de Bragança foi fundada por um filho natural de D. João I, D. Afonso, cujo consórcio o uniu à filha do heroi de Aljubarrota, D. Nuno Alvares Pereira.
O elo de consaguinidade por linha varonil directa em relação ao nosso primeiro Rei só foi quebrado com o casamento de D. Maria II com D. Fernando II de Saxe Coburg-Gotha.
D. Pedro V, D. Luis I, D. Carlos I e D. Manuel II foram os únicos monarcas a constituiram o único desvio a esta relação de consaguinidade.
Este desvio foi corrigido com a passagem da chefia da Casa Real Portuguesa para o ramos legitimista, relativo aos descendentes de D. Miguel I, cujo actual titular é Dom Duarte Pio e que por conseguinte, descendente directo do nosso saudoso D. Afonso Henriques.
Dinastias, ou será Dinastia Portuguesa?
Não existe cronologia que se preze que não nos apresente a história de Portugal "arrumada" pelas dinastias reinantes à época: Borgonha, Avis, Habsburgo (ou Filipina) e Bragança, foram até à implementação da república os pontos chave de uma historiografia que ainda não se encontra totalmente estabilizada.
Numa primeira observação, seríamos levados a crer que tal se deve ao papel decisivo desempenhado pelos monarcas face a uma relativa subalternização dos seus súbditos. Nada de mais falso. Não são os monarcas que traçam os destinos da nação mas a nação que traça o destino dos seus monarcas. Vem-me sempre à memória uma célebre frase proferida por João Franco ao malogrado Príncipe D. Luiz Filipe " O Reino não é do Príncipe, o Príncipe é que é do Reino".
Não obstante, esta divisão tem o grande mérito de conseguir balizar momentos de extrema importância do nosso passado colectivo.
A passagem da primeira dinastia (Borgonhesa ou Afonsina) para a dinastia de Avis apenas se consolidou na tarde de 14 de Agosto de 1385, no campo militar de S. Jorge, graças ao génio do Contestável e à coragem do Regente e Defensor do Reino</a></a>.
Felipe II de Habsburgo não teve uma tarefa tão árdua, porquanto contou com a ingenuidade de D. Sebastião, a falta de coragem do Cardeal - Rei D. Henrique, e a venalidade da nobreza portuguesa para fundar a 3ª dinastia.
Ao Duque de Bragança D. João II, (D. João IV como Rei de Portugal) deve-se ousadia de aceitar o repto de João Pinto Ribeiro e Antão de Almada, para ser Rei de Portugal. No entanto a nossa independência definitiva teve que esperar pela regência de Dona Luiza de Gusmão, na célebre Batalha de Montes Claros, sob o comando do Marquês de Marialva, perante uma Espenha ainda não totalmente recomposta da guerra dos 30 anos.
A personalização é a via mais cómoda quando pretendemos explicar, de uma forma simples, transformações políticas, sociais e económicas profundas, cujas variáveis são demasiado complexas para permitirem uma linearidade de pensamento. No entanto, as alterações estruturais decorrentes destes episódios vão muito para além dos rostos que os lideraram, sendo da mais elementar justiça a homenagem aos milhões de homens e mulheres que nos legaram este país, com a sua língua, cultura e passado histórico que tanto nos orgulha.
O mostrengo que está no fim do mar
Na noite de breu ergueu-se a voar;
À roda da nau voou trez vezes,
Voou trez vezes a chiar,
E disse: «Quem é que ousou entrar
Nas minhas cavernas que não desvendo,
Meus tectos negros do fim do mundo?»
E o homem do leme disse, tremendo:
«El-rei D. João Segundo!»
«De quem são as velas onde me roço?
De quem as quilhas que vejo e ouço?»
Disse o mostrengo, e rodou trez vezes,
Trez vezes rodou immundo e grosso.
«Quem vem poder o que só eu posso,
Que moro onde nunca ninguém me visse
E escorro os medos do mar sem fundo?»
E o homem do leme tremeu, e disse:
«El-rei D. João Segundo!»
Trez vezes do leme as mãos ergueu,
Trez vezes ao leme as reprendeu,
E disse no fim de tremer trez vezes:
«Aqui ao leme sou mais do que eu:
Sou um povo que quere o mar que é teu;
E mais que o mostrengo, que me a alma teme
E roda nas trevas do fim do mundo,
Manda a vontade, que me ata ao leme,
D' El-rei D. João Segundo!»
No augusto ano de 1580 Felipe II (I de Portugal) justificou a sua legitimidade nas cortes de Tomar com esta simples afirmação: "Portugal é meu porque o herdei, comprei e conquistei.
Vamos por partes. Felipe II não era o legítimo herdeiro do trono. Filho da Infanta Dona Isabel e do imperador Carlos V,</a> situava-se na linha de sucessão por via materna, ao passo que Dona</a> Catarina (Duquesa de Bragança) e D. António descendiam por via paterna, embora este último fosse filho natural.
Felipe II pagou bem caro o reino. A alta nobreza apoiou entusiasticamente a união ibérica. Os rendimentos decrescentes do comércio da Índia e a promessa de acesso às possessões espanholas, falaram mais alto do que a independência. Em Alcântara, D. António apenas tinha consigo a arraia miúda...
O Reino foi conquistado militarmente. Dom António chegou a ocupar o Paço da Ribeira e coroado Rei de Portugal, embora os historiadores se dividam quanto a esse estatuto. Quando Felipe II entrou com o seu exército em Portugal as hostes portuguesas eram constituídas por um povo sem preparação para enfrentar um dos mais poderosos exércitos de então, que mais não conseguiram que provocar uma pequena arruaça em Alcântara.
Comprado e conquistado sim. Herdado não!
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