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"Da Bella Itália Estrella Soberana Sejaes Bem Vinda à Praia Lusitana"
Foi a primeira mensagem que leu no dia 5 de Outubro de 1862 quando, com apenas 14 anos, D. Maria Pia de Saboia chegou à sua nova pátria. A frase colocada numa tarja no Terreiro do Paço, local que lhe haveria de reservar o maior dissabor da sua vida, foi da autoria de António Feliciano de Castilho, e era parte integrante da magnífica cerimónia que o Reino lhe ofereceu. Chegou por mar, no navio Bartolomeu Dias, e seria por mar, exactamente 48 anos depois, em 5 de Outubro de 1910, que regressaria à sua terra natal.
O seu casamento com o Rei D. Luis I foi o penúltimo casamento régio que Portugal assistiu, numa altura delicada após a sucessão de mortes na Família Real, que tornou urgente casar o novel Rei D. Luis I. Deste casamento haveriam de nascer o futuro Rei D. Carlos I e o infante D. Afonso Henriques. Gozou sempre, em conjunto com o seu secundogénito, de grande popularidade não obstante o seu despesismo exacerbado. “Quem quer Rainhas paga-as” respondeu um dia.
Sempre foi uma mulher denodada, como fica comprovado pelo facto de ter salvo os seus dois filhos, na Baía de Cascais, de morte certa por afogamento.
Desenvolveu uma intensa actividade benemérita, fundando, por exemplo, a Creche Victor Manuel – nome de seu pai, primeiro Rei de Itália. Nunca hesitou na altura de apoiar os mais desfavorecidos, como o provou em 1888 quando, debaixo de um intenso temporal, se dirigiu para o Porto em auxílio das vítimas do incêndio no Teatro Baquet.
Nunca se imiscuiu directamente na política do Reino. A excepção teve lugar em 19 de Maio de 1870 na sequência da démarche do Marechal Saldanha no cerco ao Palácio Real, exigindo ao Rei a demissão do seu arqui-inimigo Duque de Loulé. Após a conferência com o Rei, o neto do Marquês de Pombal foi apresentar, como era habitual, os seus cumprimentos à Raínha. Com a impulsividade italiana a correr-lhe nas veias a Soberana respondeu-lhe que “Se fosse o Rei mandava-o fuzilar”.
Em 10 Outubro de 1889, com a morte do Rei D. Luis, passou à condição de Raínha-Mãe, dedicando-se, sobretudo, aos seus netos. A vida reservou-lhe ainda momentos difíceis como o assassinato do seu filho D. Carlos I e o seu neto D. Luis Filipe, em 1 Fevereiro de 1908, nesse mesmo Terreiro do Paço que em tempos se engalanou para a receber.
Com o golpe republicano regressou a Itália, onde viria a falecer poucos meses depois, estando os seus restos mortais a repousar na Basílica de Superga. Faço votos para que as diligências levadas a cabo pela direcção do Palácio da Ajuda, com vista à sua transladação para Portugal, nos permitam a todos prestar uma justa homenagem a esta grande Raínha.
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