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Não haverá em todo o mundo festa mais universal do que o Natal. Embora seja uma celebração com um cunho marcadamente cristão, o seu significado expande-se um pouco pelos quatro cantos do mundo, independentemente da conotação religiosa que lhe queiram dar.
Mas afinal, desde quando se celebra o natal. O vocábulo provém do latim "natalis" que significa nascer. E porquê associar a festa do nascimento ao dia de Natal? Ao contrário do que se possa pensar, o natal é celebrado há muito mais tempo do que aquele que se assinala no calendário cristão. E é impossível fixar uma data, até porque são inúmeros os vestígios de celebrações natalícias, inclusivamente durante o império romano (as conhecidas saturnais, em honra de saturno).
Deixando de parte o aspecto religioso, o Natal representa a celebração do solstício de inverno. Os povos comemoravam o nascimento neste dia, porque era o marco que assinalava o renascimento. Os dias começavam a ser maiores, os campos começavam a verdejar, era a natureza a retomar o esplendor perdido com o Outono. Era o triunfo da luz sobre as trevas, e por isso é que se chamava a festa do nascimento.
Assim, o Natal nasceu como um festa pagã, a que os cristão em vez de proibir deram-lhe uma conotação religiosa, associado a efeméride ao nascimento de Jesus Cristo, apesar de não existir nenhuma evidência que comprove que nasceu naquele dia. Bem pelo contrário, de acordo com a exegese bíblica, Jesus Cristo só poderia ter nascido na Primavera ou no Verão.
Ao natal estão associados diversos símbolos, desde a estrela que conduziu os reis magos à gruta de Belém onde nasceu o menino, e que serviu de inspiração à construção de presépios que representam Jesus deitado nas palhinhas, acompanhado por Maria e José.
Outro símbolo do Natal é a famosa árvore de natal. Trata-se de uma tradição alemã, trazida para Portugal pelo Rei D. Fernando de Saxe-Coburgo Gotha, que à semelhança do seu primo Alberto (casado com a Raínha Vitória), adoptou este símbolo na quadra natalícia. Não demorou muito até que os seus súbditos seguissem o seu exemplo e assim se difundiu a tradição da árvore de Natal. Diz-se que nos principados alemães existia a tradição de decorar as árvores de folhas caduca, por forma a espantar os espíritos maus que se apoderavam delas no Outono e as deixavam sem folhas.
Não poderia terminar este post sem falar do Pai Natal. Ao contrário do que se possa pensar, o Pai Natal existiu mesmo. Tratava-se de São Nicolau, Bispo de Mira, que viveu no século IV e que se dedicou à ajuda de crianças. É difícil distinguir os factos das lendas, mas são vários os testemunhos da sua preocupação com o bem estar físico e moral das crianças. Em 1931, a Coca Cola resolveu vestir o São Nicolau com as suas cores, e transforma-lo no Pai Natal que na noite da consoada desce pelas chaminés para dar presentes às crianças, e assim proporcionar-lhes momentos de felicidade.
Mas afinal o que é o Natal? Resume-se a uma simples frase: é a celebração da família sagrada. E essa família sagrada, não é mais do que aquela que nós sentimos como nossa. São aqueles que nos são mais próximos, e com os quais gostamos de partilhar a celebração máxima do rito familiar.
Feliz Natal
Dia 14 de Dezembro assinalou-se o 90º aniversário do assassinato de Sidónio País nas imediações da Estação do Rossio, às mãos de um republicano fanático, José Júlio da Costa, que, à boa maneira estalinista, acabou os seus dias no Hospital Miguel Bombarda sem nunca ser julgado.
De Sidónio, guarda-se para a posterioridade as suas pretensas últimas palavras "morro bem, salvem a pátria", embora haja quem garanta que a última coisa que disse foi um bem mais prosaico "não me apertem, rapazes"...
Compreender o fenómeno Sidónio País, é lembrar-nos do manicómio colectivo em que se transformou Portugal com a república, da nossa entrada na Guerra, da fome e da contestação social. Sidónio foi um "outsider", gozando por isso da popularidade inerente a quem não tem que prestar contas do seu passado. A ele não eram associados os cadáveres que se amontoavam nas ruas imundas, nem aos sucessivos golpes e contra-golpes mais ou menos palacianos, nem aos confrontos armados a que não faltavam assassinatos indiscriminados. O terror da república fez emergir um professor catedrático de Matemática, com uma carreira militar modesta, que tinha sido ministro plenipotenciário (embaixador) na Alemanha de Guilherme II e que deu os primeiros passos na política apadrinhado por Brito Camacho. Chegou ao poder através de um golpe militar (provavelmente por esse motivo passou a usar sempre a farda militar) no entanto foi o primeiro e o único presidente da República a ser eleito até 1976. O período em que esteve na presidência não ultrapassou um ano, no entanto foi o suficiente para inspirar gerações e gerações pela sua aura de salvador. Fernando Pessoa chamou-lhe o "Presidente-Rei" pelo cariz presidencialista que incutiu à política potuguesa e pela pose magestática, não obstante a sua afabilidade com o povo e o fascínio que despertava nas mulheres.
De Sidónio dizia-se que seria uma germanófilo e, à posteriori, alguns afirmaram que seria um percursor dos "caudilhos" europeus, à boa maneira de Mussolini, Hitler ou Franco. Penso que sobrestimam Sidónio. Na minha opinião tratou-se de um epifenómeno, sem qualquer programa ou projecto de governação. Foi um improviso, que funcionou como uma lufada de ar fresco na podridão da politica repúblicana. Se não tivesse sido assassinado, teria sido deposto por um golpe, seja ele militar ou palaciano. Não teve tempo para sair da sua "primavera", ao contrário de Marcello Caetano que só conheceu o seu "inverno" porque não morreu em 1969.
O funeral de Sidónio foi uma manifestação como nunca se tinha visto em Lisboa. Desde gritos pungentes, desmaios e mortes, o envolvimento genuíno das massas supera tudo o que possamos imaginar. Digo-o não porque o tenha lido ou por sugestão minha, mas porque me contaram na primeira pessoa. Em 2000, no Estoril, tive oportunidade de falar com uma senhora amiga de família, entretanto já falecida, que contava então com quase 100 anos. O seu pai era um pequeno comerciante na Travessa dos Remolares, ao Cais-do-Sodré e esteve presente no cortejo fúnebre que levou o féretro do presidente assassinado até ao Mosteiro dos Jerónimos.
Não obstante a sua idade, a srª Maria Duarte deu-me a maior lição de História da minha vida.
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