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Até há um par de anos, os casamentos aristocráticos eram muito mais do que um vínculo entre duas pessoas. Pressupunham relações de poder e tinham uma função política importante. Só recentemente, os príncipes europeus romperam com essa tradição e começaram a escolher com quem queriam casar. Filipe de Espanha, por exemplo, será o primeiro monarca espanhol a escolher a rainha.
No mundo empresarial, a situação era em tudo idêntica. As grandes famílias do capital celebravam laços de matrimónio entre si, por forma a garantir um equilíbro de forças entre os que prosperavam com o condicionamento industrial salazarista. É evidente que existem outros factores que propiciam este encontro, desde logo porque estas famílias frequentavam o mesmo ambiente mundano, que proporcionava a este micro-cosmos uma proximidade reforçada.
As três grandes famílias empresariais do Estado Novo: Os Mello, Champalimaud e Espírito Santo formavam como que um um triângulo endogâmico, sustentado na teia de interesses que os envolvia. O caso mais paradigmático foi o aparecimento dos Mello no mundo dos negócios. Manuel de Mello, descendente dos Sabugosa e dos Cartaxo, foi uma figura improvável neste meio mas com grande destaque no universo empresarial português. Tímido, sem grande perfil de indústrial, descendente da nobreza de sangue, teve a sua rampa de lançamento ( e que rampa!) com o seu casamento com a única filha do industrial Alfredo da Silva.
No início do século, a sucessão nas empresas fazia-se por via da varonia. Ainda hoje é um pouco assim, senão vejamos o caso de Américo Amorim que se lamenta com o facto de só ter tido filhas, não existindo um varão para lhe suceder...
Alfredo da Silva só teve uma filha, pelo que para lhe suceder à frente do colosso CUF, tinha que assegurar um genro que lhe permitisse continuar o seu legado. Reveste-se de lenda a célebre pergunta que Alfredo da Silva fez a Manuel de Mello "casa-se também com a CUF"?
A resposta foi positiva e foi isso que trouxe o apelido Mello para o mundo empresarial.
Por sua vez, Manuel de Mello teve quatro filhos: Jorge, Maria Cristina, Amélia e José Manuel, que por casamento haveriam de se cruzar com Champalimaud e Espírito Santo.
Maria Cristina casou-se com António de Somer Champalimaud. Este casamento haveria de se revestir de capital importância, pelo apoio que Manuel de Mello deu ao seu genro no início da sua actividade industrial. Era seu objectivo "trazer" Champalimaud para o universo CUF, no entanto cedo se apercebeu que o seu genro tinha um projecto empresarial próprio. O reconhecimento do papel industrial de Champalimaud, nomeadamente na Siderurgia Nacional, haveria de merecer o comentário de Manuel de Mello num bilhete endereçado ao genro, onde se podia ler que o seu papel na indústria apenas poderia ser comparável ao do seu sogro, ou seja Alfredo da Silva. O industrial emoldorou o bilhete, que lhe deve ter dado especial gozo tendo em conta relação tensa que manteve com os cunhados, a contrastar com a cordialidade que pautou a sua relação com o sogro.
A filha mais nova de Manuel de Mello casou-se com José Maria Espírito Santo Silva, e assim as 3 famílias se uniram pelos laços do matrimónio.
Após o 25 de Abril e as nacionalizações gonçalvistas de 1975 estas famílias mantiveram-se unidas no infortúnio. O Brasil foi o seu destino de eleição, tendo conseguido nos 3 casos refazer os impérios empresariais com a abertura cavaquista nos finais da década de 80 do século passado. Todos regressaram e têm actualmente nos seus descendentes a continuidade assegurada no mundo dos negócios.
E as dinastias continuam...
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