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Numa altura em estamos a braços com uma gravíssima crise economico-financeira é importante destacarmos alguns bons exemplos dos brios pátrios, ou não fosse a confiança (ou falta dela) a mãe de todas as crises por que temos passado nos últimos anos. Podia dar alguns exemplos de glórias conhecidas na nossa história, das quais os descobrimentos é o exponente máximo, ou alguns exemplos mais recentes de portugueses que se têm destacado por esse mundo fora nas mais diversas áreas, mas escolhi uns episódios menos conhecidos e mais pitorescos, até porque, mais do que nunca, o humor é necessário.
Começo por relatar um episódio, que como todos os deste género não podem ser comprovados, mas que terão pelo menos algum fundo de verdade para chegarem aos dias de hoje. Estava D. Luis da Silveira, embaixador de D. João III, na corte de Carlos V, onde se tinha deslocado para tratar do consórcio com a infanta D. Isabel (filha de D. Manuel I), casamento que se veio a concretizar e, por sinal, nos saiu caro porque desse matrimónio nasceu Filipe II, que viria a ser Rei de Portugal. Numa caçada, o Imperador - que era senhor de vastos domínios não só na Espanha mas também na Europa Central, perguntou jocosamente ao nosso embaixador " Ó D. Luis, sendo o vosso país tão pequeno, quando se levanta uma lebre onde é que a vão apanhar?" Esta blague com o propósito de apoucar o nosso país foi o suficiente para provocar uma gargalhada geral no séquito que acompanhava Carlos V. O nosso embaixador, de uma forma cordata, respondeu muito simplesmente "Vamos apanhá-la à Índia, senhor. Á Índia..."
A segunda "estória" que vou relatar já a tinha escrito num post anterior "E assim nasceu Espanha" de 02/06/2008, mas republico porque acho que tem, à semelhança da anterior, todos os condimentos heroico-humorísticos que pretende trazer para este post. Mais uma vez, trata-se de um embaixador português em terras de "nuestros hermanos", D. João de Sousa, conhecido por ser um janota, galante, e pelo seu sucesso junto das mulheres. Quem não gostava muito dessa pose era a Rainha Isabel "a Católica" que estando a assistir a uma corrida de touros, viu a sua oportunidade de ouro para embarassar o embaixador português e assim deixar cair o mito.
Assim, pediu a um pagem que desse ao embaixador um recado onde lhe pedia que fosse aos aposentos régios que se encontravam no lado oposto da praça. Mas com este recado manda outro, dando ordens para que quando o embaixador estivesse a atravessar a praça soltassem o touro mais bravo que ali tivessem. Assim foi. O embaixador português atravessa a praça e é lançado para a arena um poderosíssimo touro. As pessoas recolhem-se aos palanques, ficando D. João de Sousa ficou sozinho a enfrentar a fera. Este vem na sua direcção, pronto para o colher, quando este despe o seu capuz e atira-o ao touro, desembainhando de seguida a sua espada e desferindo-lhe um golpe na cabeça do touro, deixa-o prostrado no meio da praça. Depois de limpar a espada no corpo agonizante do animal, tomou o capuz e sem perder a pose dirigiu-se calmamente a D. Isabel, para lhe apresentar os seus cumprimentos.
- "Boa sorte tivesteis embaixador", disse-lhe a Raínha.
E ele repondeu-lhe:
-" Qualquer português faria o mesmo!"
Depois destas duas "aventuras", nada melhor do que fechar com chave de ouro, com esta estrofe camoniana que exalta, como nenhum outro texto, os méritos lusitanos nessa grande epopeia que foram os descobrimentos:
Mas entanto que cegos o sedentos
Andais de vosso sangue, ó gente insana!
Não faltarão Cristãos atrevimentos
Nesta pequena casa Lusitana:
De África tem marítimos assentos,
É na Ásia mais que todas soberana,
Na quarta parte nova os campos ara,
E se mais mundo houvera, lá chegara.
(Os Lusíadas, Canto VII, est. 14)
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