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Por estes dias vivem-se dias difíceis na Europa. Chamam-lhe crise financeira ou da dívida soberana, embora, pessoalmente, me pareça mais uma crise de crescimento de um projecto que estagnou. Tal como os casamentos, quando chegam a um ponto onde já não existe nenhuma perspectiva de evolução, o projecto europeu cristalizou quando chegou ao limite máximo a partir do qual o projecto europeu implicaría a perda de soberania dos Estados que a compõem.
Falando do Reino Unido, é voz corrente a sua pouca disponibilidade para assumir grandes compromissos no seio da Europa. É uma estratégia arriscada, tendo em conta a exiguidade dos Estados europeus face à elevação ao estatuto de potência de paises como a China, Índia, Rússia ou Brasil, que por si só ocupam uma área muito superior à Europa no seu conjunto e que, a prazo, relegarão os pequenos Estados que compõem o Velho Continente para um estatuto de inferioridade política, económica e militar. O Reino Unido tenta contornar esse problema de dimensão na aliança com a sua antiga colónia norte-americana, reconhecendo o seu estatuto de inferioridade mas permitindo que a sua voz se continue a ouvir na nas sedes de poder das relações internacionais. A guerra do Iraque é um exemplo flagrante do preço que as Ilhas Britânicas estão dispostas a pagar para manter o seu protagonismo.
É neste contexto que poderemos indagar: porque motivo o Reino Unido não assume uma posição de dianteira na União Europeia, tal como a França e a Alemanha, que lhe permitiria ter, igualmente, uma posição de destaque neste mundo globalizado? Recordemo-nos que a sua entrada na Comunidade foi tardia e sempre em regime de "serviços mínimos". Por exemplo, o Reino Unido não aderiu à moeda única, mantém o seu banco central e uma contribuição para o orçamento comunitário muito abaixo daquilo que seria normal à proporção da sua capacidade económica.
A que se deve este cepticismo? A resposta, uma vez mais, está na história. Para os britânicos a Europa foi sempre uma fonte de problemas. Sem grandes preocupações em ser exaustivo e sem referir a célebre rivalidade franco-britânica ao longo de toda a idade média e princípio da idade moderna - a mais conhecida das quais foi a Guerra dos Cem Anos - façamos um breve apanhado ao longo dos últimos 200 anos para perceber este antagonismo.
Assim, neste período, a Europa Continental trouxe a Revolução Francesa e a subsequente tentativa de domínio de todo o continente pela França bonapartista, que conduziu a uma guerra sem quartel, por terra e mar, onde os britânicos sairam vencedores. Depois do Congresso de Viena a Europa voltou a ser palco de conflitos internos pela definição de um espaço vital que envolveu, principalmente, o Império Austríaco e o Alemão, com intervenção de paises como a Itália que lutava pela sua reunificação - às expensas dos Estados Pontifícios e dos Austríacos - sem esquecer a Guerra da Crimeia. Esta sucessão de conflitos haveria de culminar com a Guerra Franco-prussiana de 1870 e a subsequente Comuna de Paris, que foi uma espécie de rastilho para dois acontecimentos que haveriam de flagelar, uma vez mais, o Reino Unido: O Imperialismo Germânico e a Revolução Bolchevique.
Entrados no século XX surge a Guerra dos Balcâs, a Primeira Guerra Mundial, a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial e a Guerra Fria (cujo epicentro do conflito foi em solo germânico).
Em suma, para os britânicos a Europa foi sempre uma fonte de problemas e esta crise economico-financeira só vem contribuir aprofundar ainda mais este sentimento. Nunca como agora, o Reino Unido se compraz de estar fora da zona euro e deste turbilhão que todos os dias nos entra em casa através dos telejornais.
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