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Comemoram-se este ano os 750 anos do nascimento do rei que ficou conhecido na História como “O Lavrador”. Começo por dizer que discordo em absoluto com este cognome, por dois motivos: Por não ter sido D. Dinis o obreiro do pinhal de Leiria (quanto muito ordenou-o e aumentou-o) mas sobretudo porque o seu legado é muito mais importante do que qualquer pinhal que tivesse mandado plantar.
D. Dinis é talvez o Rei mais importante na afirmação da independência portuguesa no espaço peninsular, ao contrário do que sucedeu com os outros reinos que foramao longo dos séculos absorvidos por Castela. Mais do que D. João I ou D. João IV, que pegaram nas armas para combater o perigo castelhano, D. Dinis foi quem construiu os alicerces que cimentaram a nossa identidade, garantia suprema da nossa soberania. Para começar, foi D. Dinis que estabeleceu o português como lingua oficial do Reino, obrigando a que todos os documentos fossem lavrados na nossa lingua por alternativa ao latim. Foi D. Dinis quem criou a primeira universidade portuguesa (em Lisboa e depois transferida para Coimbra) que não chegou a atingir a importância que podia ter tido no nosso país devido a 3 factores: a expulsão dos judeus, a inquisição e a sua administração pelos jesuítas, tudo isto no reinado de D. João III, que, paradoxalmente, foi um entusiástico do movimento renascentista em Portugal.
Bastava o que escrevi até aqui para que D. Dinis já fosse considerado um grande Rei. Mas foi mais do que isto. Foi este monarca que criou a Ordem de Cristo, suceora dos Templário, numa atitude bastante hábil que lhe permitiu contornar a Bula Papal que extinguia os Cavaleiros do Templo. Estes monges Cavaleiros tinham sido perseguidos pelo Rei de França, Filipe IV “o Belo”, provavelmente porque não conseguia pagar as dívidas que tinha contraído ou porque queria apoderar-se dos seu imeno bens. Assim, com o fim da Ordem que o Rei francês conseguiu obter junto do Papa, os seus problemas financeiros ficavam resolvidos. Em Portugal D. Dinis acolheu, como não podia deixar de ser, a ordem papal de extinção dos templários, mas passados alguns anos pediu à Santa Sé autorização para criar uma Ordem de raiz Portuguesa, com os bens e os ex-cavaleiros templários que estavam em Portugal. Esta decisão de D. Dinis tem levado muitos entusiáticos do misticismo templário a propor as mais fantasiosas teorias, como a vinda do Santo Gral para Portugal, ou ainda que os descobrimentos portugueses apenas foram possíveis porque tivemos acesso às cartas que os Templários possuiam.
À parte dessas teorias, é inegável que a Ordem de Cristo foi a grande responsável pelos descobrimentos portugueses, escrevendo a mais gloriosa página da nossa História, nomeadamente a partir do Infante D. Henrique (que era Mestre da Ordem de Cristo) e eis porque as velas das naus e caravelas que cruzavam oceanos, levando a lingua portuguesa aos quatro cantos do mundo, levavam o simbolo da Ordem de Cristo. Ainda hoje a Ordem de Cristo é uma Ordem Honorífica Portuguesa e o seu simbolo permanece nos aviões da Força Aérea Portuguesa.
Claro que nem tudo foram rosas no seu reinado. Teve que enfrentar o filho numa guerra civil que perdeu, sendo obrigado a conceder a governação ao futuro D, Afonso IV, num conflito motivado pela preferência que, alegadamente, dava a um seu filho bastardo (Afonso Sanches) em detrimento do seu primogénito legítimo. Foi este seu filho bastardo que se exilou em Albuquerque (Castela), onde foi tutor de uma menina chamada Inês de Castro. Quem sabe se não nasceu dessa relação de amizade o ódio de D. Afonso IV a Inês e que levou ao triste desfecho que todos conhecemos?
Nestes 750 (1261-1325) anos de D. Dinis, honra seja feita ao município de Odivelas por ser a única entidade, que eu tenha conhecimento, que está a assinalar a efeméride. A mesma localidade onde D. Dinis escolheu para sua morada eterna.
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