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Que o século XX europeu foi uma sucessão de calamidades, poucos discordarão. Os conflitos sangrentos dos quais se destacam as guerras mundiais (que em bom rigor foram duas guerras civis europeias que se alastraram a outros teatros de operações) deixam para as notas de rodapé os progressos notáveis que se registaram nos mais varíadíssimos domínios, nomedamente científicos, culturais e políticos, e cujo impacto na qualidade de vida dos povos é inegável. No entanto, em jeito de síntese, eu destacaria o fenómeno do aceleramento do tempo histórico, numa evolução que marca definitivamente o desfasamento para o tempo cronológico. A prova de que essa diferença existe - e é mais acentuada do que nunca - é que os anos continuam a ter 365/366 dias mas as mudanças ocorrem a uma velocidade cada vez maior. Se olharmos para o progresso científico nesta primeira década do século XXI, não conseguimos encontrar paralelo noutra década da nossa história. Quem diria que estamos a começar a falar do fim dos jornais em papel como os conhecemos desde Gutemberg, ou do acesso à informação em tempo real em qualquer lado (num telemóvel ou noutro ecrã) o que até aqui implicava uma deslocação a uma biblioteca (que na melhor das hipóteses, continha 0,00000001% do conhecimento que existe hoje em dia na web) ou na possibilidade de estabelecermos milhares de conexões com outras pessoas através das redes sociais à distância de um click. Para não falar nas mudanças estruturais nos restantes domínios, cuja enunciação seria sempre fastiosa e incompleta.
No entanto este optimismo é frequente e cruelmente interrompido por diversas calamidades, como doenças para as quais ainda não existe cura ou catástrofes naturais, que se encarregam de nos lembrar que somos "só" humanos e que não conseguimos controlar tudo.
Podemos questionar até onde irá este progresso mas será ainda mais útil questionar com que velocidade é que se vai processar. Hoje ninguém diria o que, supostamente, o director de patentes dos EUA disse em 1899 quando afirmou que tudo o que podia ser inventado já o tinha sido, até porque já ninguém arrisca uma previsão a 20 anos. Isto porque temos provas de que o progresso tem também retrocesso. Acreditámos que o progresso económico seria constante e isso exprime-se, por exemplo, no jargão dos economistas que falam por vezes num crescimento...negativo! Jurou-se a pés juntos quea revolução das luzes iria ser o epílogo das religiões (Afonso Costa chegou a dizer que acabaria com a religião católica em duas gerações) e o fanatismo religioso está hoje mais pujante do que nunca. Ou seja, está longe de ser provada a tese de que o destino da humanidade é crescer permanentemente.
Não acredito neste axioma do crescimento constante mas também não perfilho nenhuma visão apocaliptica do fim da humanidade. Acho que foge completamente à latitude da nossa capacidade preditiva, e dificilmente conseguimos entrar numa discussão a este nível sem cair na especulação demagógica, cheia de conjecturas mais ou menos alucinadas. Recordo-me sempre de Albert Einstein que disse que não sabia como seria a 3ª Guerra Mundial (conflito hipotético entre EUA e URSS) mas que a 4ª seria com paus e pedras...
Eu, na condição de humano que conhece apenas uma ínfima parte do conhecimento gerado pela humanidade, não tenho certezas. Formulo hipóteses que sei, à priori, terão poucas hipóteses de se confirmar. Certezas, só no campo dos afectos, e é por esse motivo que, neste dia tão especial, aqui publico este poema de Fernando Pessoa (Pai; D. Afonso Henriques in "A Mensagem"), e dedico a quem, pelo exemplo e modelo, devo aquilo que sou hoje.
Pai, foste cavaleiro
Hoje a vigília é nossa
Dá-nos o exemplo inteiro
E a tua inteira força!
Dá, contra a hora em que, errada,
Novos infieis vençam
A benção como espada,
A espada como benção!
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