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"Dúzia e meia de ratões que, quando juntos, o que pretendem é jantar; depois de jantar, o que intentam é digerir; e a digestão finda, se alguma coisa ao longe miram, tanto pode ser um ideal, como um water-closet"
Esta frase é da pena de Fialho de Almeida, na sua célebre obra "Os Gatos", onde destila todo o seu veneno sobre este grupo de intelectuais, que se juntaram ocasionalmente entre 1888 e 1891, que deram pelo nome de "Vencidos da Vida". Talvez este seu azedume se tenha ficado a dever a nunca ter sido convidado para integrar o mesmo, mas talvez esta opinião se aproxime bastante do que foram "Vencidos", ou seja um grupo informal, bacante, onde, no meio dos seus jantares generosamente servidos com champagne, se abordavam os problemas do país e do regime constitucional, sem o menor propósito de intervenção. Vivia-se no estertor da fase aurea da monarquia portuguesa-o fontismo- e o sistema rotativista começava a evidenciar sinais claros de desgaste, a que se juntava um enorme défice de ideias e um desinteresse pelo bem comum por parte da classe política. No governo e nas câmaras a mediocridade dos seus protagonistas era a matéria-prima para "O Conde de Abranhos" de Eça. A sociedade era ultra-conservadora e mantinha-se arreigada a um catolismo castrador do progresso. O sistema de ensino passava ao lado dos progressos científicos e culturais do último quartel do século XIX. No fundo, o país andava a formar "Eusebiozinhos", para utilizar a célebre personagem queirosiana.
Foi perante este status quo que se começaram a formar correntes de opinião a denunciar este estado de coisas, sendo a iniciativa mais conhecida as conferências democráticas de casino lisbonense, interrompidas abruptamente por ordem do governo. Muitos viam a fonte de todos os problemas no regime monárquico, como era o caso de Antero, que chegou a apontar a monarquia e a Igreja Católica como a causa de decadência de Portugal e Espanha. Foi neste periodo que o Partido Republicano se organizou, sendo o centenário de Camões (1880) o momento capital para afirmação das ideias repúblicanas. Outros achavam que o problema não estava no regime monárquico, mas no sistema rotativista, onde progressistas e regenaradores se revezavam no governo através dos caciques locais e de acordos parlamentares baseados em interesses particulares. Foi esta corrente crítica que deu origem à "Vida Nova" de Oliveira Martins, que mais tarde foi recuperada por João Franco para, sob a égide de D. Carlos, formar a Dissidência Regenaradora, que acabou no banho de sangue do Terreiro do paço.
É neste contexto que se inserem os Vencidos da Vida. Eram um grupo de dandies que jantavam uma vez por semana no "Bragança", e cujas reflexões, pelo prestígio dos seus membros, tinham uma enorme repercussão na sociedade de então. Tinham como orgão quase oficial o diário "O Tempo" cujo proprietário, Carlos Lobo de Ávila, ele próprio um vencido, onde eram escritos os artigos de opinião de vários "Vencidos", embora o fizessem sempre em nome individual.
Do conjunto de artigos, destacaria a réplica de Eça de Queirós à sátira que Bulhão Pato lhe dirigiu, por este se sentir retratado em "Os Maias", na figura do poeta "Tomás de Alencar". Bastaria este artigo para considerar o "vencidismo" um movimento de suma importância!
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