. Viva o 25 de Abril...de 1...
. Mário Soares e a III (ou ...
. O Longo Processo de Recon...
. A Maldição dos Primogénit...
. Uma Andaluza à Frente dos...
. A Páscoa
Não deixa de ser caricato, num Blog baptizado com o nome do primeiro Rei de Portugal, falar do último soberano que reinou no país que D. Afonso Henriques, com a sua tenacidade, arrojo e denodo quis que fosse independente.
D. Manuel II não foi educado para ser Rei. Filho segundo de D. Carlos e Dona Amélia, encontrava-se na véspera do triste acontecimento que o colocou no trono a um passo de ingressar na Academia Militar, como era apanágio dos infantes.
Escapou à morte no bárbaro atentado que vitimou fatalmente seu pai e irmão mais velho, mais por falta de pontaria do que por falta de tentativa, pois acabou por ser ferido num braço. Tal não constituiu impeditivo para ser aclamado Rei de Portugal quando contava apenas 18 anos de idade.
Num clima tenso, agitado pela propaganda republicana, tentou arrefecer os ânimos, numa tentativa de "Acalmação Nacional". Entre medidas concretas para alcançar esse desiderato contam-se a amnistia concedida aos conspiradores, uma questionável benevolência na investigação dos autores morais do assassinato de D. Carlos e D. Luiz Felipe e a designação de Ferreira do Amaral,uma figura consensual, para a presidência do Ministério do Reino.
Por muito que tenha tentado, a sua missão revelou-se inglória face à eficácia de uma dezena de personalidades que, habil e demagogicamente, foram acicatanto um clima revolucionário cujo epílogo teve lugar em 5 de Outubro de 1910.
Obrigado ao exílio, escolheu Inglaterra para fixar a sua residência. Nunca abdicou do trono, embora numa atitude de uma enorme clarividência tenha sempre recusado a sua restauração por via violenta. A sua atitude pacífica levou a que muitos monárquicos o tenham acusado de falta de coragem, chegando inclusivamente a reconhecer como herdeiro legítimo do trono D. Duarte Nuno.
Durante o seu exílio desenvolveu uma obra notável como bibliógrafo de livros antigos portugueses, que constam no espólio da biblioteca do Palácio de Vila Viçosa. Foi voluntário na 1ª Grande Guerra no auxílio das tropas aliadas, dando um apoio inequívoco ao posicionamento da república portuguesa do lado dos aliados. Conseguiu com os seus esforços diplomáticos junto da Corte Britânica que os impetos iberistas de Afonso XIII de Espanha não se concretizassem.
Por tudo isto D. Manuel foi tão incompreendido por seus corregilionários. Acusavam-no de ajudar a república, numa altura em que os nossos aliados consideravam o país insustentável e como tal deveria ser absorvido por uma país civilizado. Não obstante o descrédito a que a república conduziu o pais D. Manuel sempre tentou "salvar o país", pois na sua opinião mais importante do que o sistema de governo era a existência "da minha muito amada pátria".
Entre os factos menos conhecidos da sua bibliografia conta-se um romance com a mais famosa actriz mundial de então - Gaby Deslis. Este facto tornou-o num dos portugueses mais famosos de sempre , senão mesmo o mais conhecido além-fronteiras em nove séculos de história.
O falecimento prematuro aos 43 anos de idade haveria de constituir a oportunidade para a enorme e merecida homenagem que a sua pátria lhe devia em vida. O cognome de "Patriota" ou Rei-Bibliógrafo" acentam como uma luva embora eu acredite que, se pudesse escolher, teria preferido a primeira designação.
Pessoalmente, entendo que o "Patriota" é a justa designação para aquele que disse um dia que "sou português, posso abdicar de todos os meus títulos, menos deste".
. Os meus links