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Domingo, 11 de Agosto de 2013

O ABC da Lealdade

A frase que dá título a este texto foi retirada do “Leal Conselheiro”, obra do Rei D. Duarte. Lealdade na Idade média não tem a mesma interpretação que lhe damos hoje. Não tem o significado estrito de um vínculo pessoal, mas de um conjunto de valores relacionados com a ideia de Justiça. Nesta obra, o monarca exara um tratado de ética e moral que devia ser seguido na corte, exigindo aos seus súbditos a vinculação aos princípios que plasmou na sua obra. Este livro, escrito nos últimos anos de vida, parece uma premonição dos problemas com que o Reino se iria debater após a sua morte. Debalde, pois não só os princípios como o próprio testamento do monarca não foram respeitados pelo seu irmão – O Infante D. Pedro - que ficou na regência, afastando a Rainha (que tinha sido designada pelo Rei Defunto) seguindo-se uma Guerra Civil que terminou com a morte do Infante em Alfarrobeira e com o poder a cair de mão-beijada no regaço dos fidalgos que manietavam completamente o jovem e débil monarca D. Afonso V. No entanto, D. Duarte merece bem o título de Rei mais culto da Idade Média Portuguesa, título que disputa com D. Dinis. Neste post vou abordar 3 feitos de lealdade que não se enquadram neste registo amplo definido por El Rei D. Duarte. Vou falar de feitos meio-quixotescos, matéria bruta para ser trabalhada pelo escopo dos escritores românticos, e que, por isso mesmo, ganharam bastante protagonismo no século XIX. Por ordem cronológica, começo pela chamada façanha de Egas Moniz, o famoso aio de Dom Afonso Henriques. Diz a tradição que em 1127 (ou 1129, consoante os textos) estava o nosso primeiro rei cercado no Castelo de Guimarães pelo seu primo D. Afonso VII, quando Egas Moniz se dirige à tenda onde estava sediado o monarca Leones, que se intitulava Imperador, dando a sua palavra de honra de que Dom Afonso Henriques se declarava seu vassalo e que iria pessoalmente à corte do seu primo para selar essa mesma vassalagem. O Leonês achou satisfatória a resposta do aio de D. Afonso Henriques e levantou o cerco. Sucede que Dom Afonso Henriques não cumpriu a palavra dada, e Egas Moniz, face a este acto de rebeldia, deslocou-se a Toledo na companhia da mulher e dos filhos (ainda crianças) com uma corda ao pescoço, como penitente por ter faltado à palavra dada, podo a sua vida e da sua família nas mãos de Afonso VII. Esta história é muito comovente, mas a sua veracidade não é sustentada por nenhum documento, motivo pelo qual sobejem dúvidas quanto à sua veracidade. O segundo caso é também provavelmente lendário. Na guerra civil que opôs D. Sancho II ao Conde de Bolonha (futuro Afonso III), todas as principais Cidade e Vilas do Reino foram tomadas pelos partidários do Bolonhês. Todas menos Coimbra, e talvez por esse motivo terá nascido a lenda de que o Alcaide local, Martim de Freitas, se recusou a entregar as chaves da Cidade aos revoltosos por ter jurado lealdade ao “Capelo”, dirigindo-se pessoalmente a Toledo, cidade onde se exilou D. Sancho II, para comprovar que este tinha entrado no sono eterno. Reza a lenda que colocou as chaves da Cidade no féretro, e que depois a retirou para dar ao seu irmão e sucessor, por considerar que tinha cumprido a sua palavra e tinha sido um fiel súbdito até ao último minuto. O terceiro caso que vou referir é o único do qual existe certeza absoluta de como e quando se passou, acabando, imagine-se, por mudar o nome de uma então vila. Este acontecimento teve lugar em 1847 numa altura em que o país estava em plena Guerra Civil da Patuleia. Os revoltosos tinham como órgão de liderança a Junta Revolucionária do Porto, liderada por José Passos (irmão de Passos Manuel) e cuja chefia militar estava nas mãos do Conde das Antas. O Conde apoderou-se rapidamente do norte do país, não tivesse sido no Minho que nascera o foco contestatário com a “Maria da Fonte”. Tomou a então vila de Viana da Foz do Lima, mas o governador da guarnição militar, quem sabe se um romântico inveterado, inspirado em Martim de Freitas desloca-se por vapor até Lisboa e entrega as chaves da Cidade a Dª Maria II. Tratava-se de um acto estéril, porque o Conde das Antas tomou a então vila, mas a Rainha, também ela com tendência para ceder aos impulsos do coração, achou o gesto tão nobre que não só elevou a vila a cidade como lhe deu um nome mais glorioso – Viana do Castelo (apesar de lá não existir, nem ontem nem hoje, qualquer castelo).

publicado por Rui Romão às 00:00
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Sábado, 14 de Março de 2009

Em Defesa de D. Afonso Henriques

 

 

 

Dizia Manuel Alegre, na sequência da visita do presidente de Angola a Portugal, que D. Afonso Henriques também não era um "democrata exemplar". Ou se tratou de um momento menos feliz do deputado-poeta ou então, mais grave, esta afirmação revela uma total ignorância histórica, que muito sinceramente não julgava possível em alguém com o seu percurso. Comparar a vida e o projecto de um homem que construiu um país com base em princípios éticos e morais inatacáveis como foi o caso do nosso primeiro rei, com um ditador que prospera há 30 anos numa opulência obscena, perante o olhar impávido e faminto de um povo é, no mínimo, patético.

Porventura Alegre gostaria que D. Afonso Henriques tivesse instituído o parlamentarismo em 1147 quando tomou Lisboa. Que tivesse promovido o recenseamento da população, marcasse eleições  para uma assembleia constituinte, por circulos plurinominais e com eleição segundo o método de Hondt. Que se tenha submetido aos representantes do povo, que lhe atribuiram os poderes e competências conforme a constituição. Que tenha construído tribunais de primeira e segunda instância, Imprensa livre, fomentasse o aparecimento de partidos políticos e desse condições à oposição.

Manuel Alegre, estamos no século XII. O parlamentarismo nasceu em 1688 com a Glorious Revolution e em Portugal chegou no século XIX. O Estado moderno, do ponto de vista funcional é uma herança da revolução francesa (Napoleão costumava dizer que não seria lembrado pela batalhas que ganhou mas pelo seu código civil), e teve vários estágios até chegar ao modelo que vigora nas democracias actuais.

Comparar estes tempos com Angola no século XXI é um perfeito dislate. Um país riquíssimo em matérias primas, com um território que equivale a mais de 14 vezes o de Portugal, mas que tem a má sorte de ser governado por uma elite de criminosos (Richard Branson dixit). No poder há 30 anos, o legado de Eduardo dos Santos  resume-se a uma corrupção generalizada, condições precárias das populações com escassez de alimentos e de condições higienico-sanitárias. Num país onde faltam hospitais, escolas, locais de lazer e cultura, sobra pouca-vergonha, da qual os políticos portugueses foram cúmplices na recente visita de Eduardo dos Santos. 

Se é este o modelo de político de Manuel Alegre, o melhor dos poetas "assim assim" segundo as palavras de Agustina,  porventura secundado por outros idealizados por grandes  "democratas" na linha de um Robespierre ou  de um Afonso Costa, então é caso para dizer que bem mereceu a derrota que o povo português lhe deu nas urnas.

publicado por Rui Romão às 09:40
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Sábado, 3 de Maio de 2008

Alfredo da Silva - Da 1ª República até ao Regime Ideal

 

 

Para Alfredo da Silva, a primeira república foi vivida numa situação paradoxal. Por um lado, os negócios prosperavam, nomeadamente no período da Grande Guerra, onde a alta dos preços lhe permitiu lucros avultados. Por outro, passou a ser um alvo de ataques da demagógica imprensa republicana, que se referia ao industrial como o "rei dos açambarcadores".

Até Outubro de 1910, não obstante o clima contestatário que se vivia principalmente no Barreiro, face aos aumentos sucessivos de impostos indirectos, a CUF conseguia ficar à parte destes protestos. Talvez o reconhecimento pelo modelo social empreendido pela empresa, ou mesmo as acções de charme realizadas através dos seus delegados junto de potenciais consumidores, tenham deixado a empresa à margem da convulsão que varria o país.     

Com o golpe republicano, a Vila passou a viver num clima de pré-terrorismo, onde nem as linhas de caminho de ferro e as mangueiras dos bombeiros escapavam à revolta popular. A somar a este clima de contestação generalizada, viriam as greves e as exigências injustificadas que assolaram as fábricas da Cuf: Largo da Fontaìnhas, Fábrica Sol, Barreiro e Alferrarede.

A agitação social haveria de voltar com a Grande Guerra. Este foi um período sensivel, onde Alfredo da Silva para além de se confrontar com a crise internacional, teria que se defender das acusações de germanófilo, que lhe valeram a presença na black list do foreign office britânico. A imprensa foi implacável, com o empresário a ser o alvo predilecto dos periodistas, que o acusavam de enriquecer à custa da miséria alheia. Este clima crispado gerado em torno da sua figura, a somar ao seu apoio declarado ao Sidonismo,  haveria de ter como consequência lógica (nos parâmetros da 1ª república) a sua eliminação física.

A primeira das várias tentativas  teve lugar em 1919, quando descia a Avenida Presidente Wilson (actual Avenida D. Carlos I), o seu caro foi alvejado com 2 bombas de dinamite!, tendo o denodo do motorista evitado que elas atingissem fatalmente o empresário. Malogrado o plano inicial, os executores do atentado recorreram ao revolver, disparando convulsivamente contra o carro do industrial. Alfredo da Silva escapou miraculosamente a este atentado,  tendo o seu motorista sofrido diversos ferimentos, embora não fatais.

O segundo atentado à sua vida seria ainda neste annus horribilis de 1919. Desta vez, à porta de sua casa do Alto de Santa Catarina. Quando o empresário de preparava para entrar no automóvel que o aguardava, um sujeito aproximou-se e apontou-lhe uma arma à cabeça. Para sorte do industrial a arma encravou (o que não era tão habitual quanto isso). O motorista de Alfredo da Silva, munindo-se da manivela do carro, inicia uma perseguição ao indivíduo que só termina quando, com a ajuda de um cúmplice, é deflagrada uma bomba que deixou ferimentos no motorista, deixando o industrial, novamente, incólume.      

Na sequência destes ataques Alfredo da Silva abandonou o país, no seu auto-exílio de Madrid. No regresso, haveria de ter novamente que se haver com os fanáticos do regime. Em 19 de Outubro de 1921, o nome do empresário constava da "lista de passageiros" da camioneta fantasma que na célebre noite sangrenta roubou a vida ao primeiro ministro cessante, António Granjo, bem como aos "herois" da rotunda Carlos da Maia e Machado Santos. Escapou novamente, encoberto pelos seus empregados, o que lhe permitiu ganhar o tempo suficiente para fugir. No entanto a sua fuga haveria de se revelar infrutífera, porque acabaria por ser acometido na estação de Leiria, onde um atentado quase lhe rouba a vida, deixando-lhe sequelas que o acompanhariam até ao resto dos seus dias.

Após Leiria, parte para França onde se entrega aos cuidados de uma enfermeira francesa, que acabaria de tomar como companheira. No entanto, ese percalço não tirou nem combatividade nem a perseverança que caracterizaram a sua vida empresarial.

Entretanto adquire a Casa Totta, que quase o levou à ruína financeira, sendo obrigado a descapitalizar as suas restantes empresas, nomeadamente a Sociedade Geral e a CUF, para fazer face à situação calamitosa que a casa financeira viveu no final da década de vinte. Nesta altura, contou com o apoio do então ministro das Finanças, António de Oliveira Salazar, que desempenhou um papel fulcral na salvação da empresa. De resto Alfredo da Silva adere ao Estado Novo, tomando lugar na Câmara Corporativa, instituição que sempre idealizou como um vector fundamental da tomada de decisões políticas. Beneficiou da política de condicionamento industrial, o que não o impediu de perder o concurso da Companhia dos Tabacos. Ao seu estilo, em vez de baixar os braços, fundou uma empresa concorrente, a Tabaqueira, como o prova a sigla SG (Sociedade Geral) que ainda hoje figura nos maços de tabaco. No entanto esta empresa apenas se revelou lucrativa quando o empresário já se encontrava a viver os seus últimos anos de vida. 

Prova da sua visão, viu nas telecomunicações uma janela de oportunidades para o futuro. Tentou controlar a Marconi, mas os seus esforços revelar-se-iam infrutíferos.

Não é de somenos importância a sua participação no deslindar do caso Alves dos Reis. Foi o empresário, através das páginas do "O Século", de que era proprietário, que despoletaria o caso do Angola Metrópole, ou "engole a metrópolole" como se dizia, jocosamente, na altura.

Como já referi, o facto de Alfredo da Silva ter uma estátua no Barreiro, um nome de avenida, estádio de futebol, escola, etc. constitui um paradoxo ao qual, como lisboeta, não consigo compreender na sua plenitude. Contudo, parece que os barreirenses nunca se importaram muito com esse paradoxo e homenagearam o homem que deixou uma marca indelével na então vila piscatória, local onde escolheu para sua última morada. Nos 100 anos do complexo do Barreiro, que se comemoram este ano, é justa a homenagem que o pais e o Barreiro em particular se preparam para lhe render.

publicado por Rui Romão às 16:15
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Terça-feira, 25 de Março de 2008

Alfredo da Silva - Do Banco Lusitano à República



No post anterior considerei Alfredo da Silva o primeiro empresário português, no sentido moderno do termo. Não lhe chamo industrial por a sua vida empresarial ir muito para além da indústria, embora esta fosse a sua maior paixão. Paradoxalmente, pouco se conhece e menos conhecem a vida deste empreendedor que parece esquecido no imaginário dos portugueses. Avanço dois motivos:

-Por se considerar que a política de condicionamento industrial salazarista lhe retirou grande parte do mérito que lhe seria devido.

-Por ser uma figura longínqua no tempo, face aos "jovens" que lhe sucederam.

O primeiro motivo é desmentido pela sua biografia, pois ele criou o seu império muito antes da subida à chefia do governo de Oliveira Salazar. O segundo motivo talvez explique em parte a omissão, no entanto esta regra não se aplicou ao seu contemporâneo Alves dos Reis, famoso burlão que Alfredo da Silva desmascarou através das páginas do "Século".

Alfredo da Silva é oriundo de uma família pequeno-burguesa, com estabelecimentos comerciais na baixa pombalina. Muito cedo ficou orfão de pai, passando o seu tio paterno, Alexandre, a constituir a sua maior referência. No entanto, o jovem Alfredo desde cedo mostrou que iria quebrar essa regra de família. Tinha ambições que não cabiam nas “gaiolas” pombalinas e o facto de ter herdado algumas participações em empresas, constituiu a sua oportunidade de se emancipar. Ainda estudante, começou a participar nas assembleias gerais de accionistas das empresas onde detinha acções. O seu estilo desafiador, contestatário, polémico e por vezes de uma grande agressividade, veio contrastar com a solenidade habitual nestas reuniões, grangeando-lhe alguns ódios de estimação. Na sua primeira intervenção, após “arrasar” com os administradores do banco, ameaçou à bengalada quem o impedia de usar da palavra, tendo sido expulso da sala. Com esta postura, este jovem arrivista foi visto com grande desconfiança pelas elites estabelecidas. Não obstante, foi concitando apoios até chegar a director do banco. Para além do banco, Alfredo da Silva também desempenhou cargos de relevância na Carris, onde teve por missão estudar as formas alternativas à tracção animal . Seria Alfredo da Silva o director da Carris quando, em 1901, são introduzidos os eléctricos. Embora pereçam experiências diferentes, foi através da participação nestas duas empresas que a sua vida empresarial haveria de tomar forma. O Banco Lusitano abriu-lhe as portas da CAF – Companhia Aliança Fabril. A Carris, através de Henry Burnay , haveria de lhe abrir as portas do seu grande projecto – a CUF.

A CAF era uma empresa química situada no baluarte de Alcântara, com créditos malparados junto do Banco Lusitano. Depressa essa dívida se converteu numa participação no capital da empresa até ao seu controle, sob a égide de Alfredo da Silva. A empresa expandiu-se, através da construção de uma nova fábrica na Av. 24 de Julho (fábrica Sol), mas Alfredo da Silva sonhava com uma fusão com a arqui-rival CUF, de Henry Burnay, cuja fábrica também se situava em Alcântara. Burnay, que o conhecia na condição de accionista na Carris, mostrou receptividade à ideia de fusão, que se haveria de concretizar em 1898.

Depressa Alcântara começou a ser insuficiente para o volume de produção previsto com a entrada na indústria dos adubos, aproveitando os incentivo concedidos pelo ministério progressista de José Luciano de Castro – a chamada “Lei da Fome”. A aposta recaiu na construção de uma unidade de média dimensão em Alferrarede e a construção de um colosso industrial que haveria de mudar a face de uma pequena vila piscatória na margem direita do Tejo: o Barreiro.

Antes da inauguração do complexo do Barreiro, Alfredo da Silva teve a primeira das três participações políticas da sua vida. Foi em 1906 quando apoiou o “dissidente” João Franco no seu novo partido: o Regenerador Liberal.

Foi também o primeiro momento em que o industrial viu a sua vida em perigo. O episódio ocorreu na inauguração da sede do Partido Regenerador Liberal no “republicaníssimo” bairro de Alcântara. O Rei D. Carlos costumava contar, em jeito de blague, que “era o único monárquico na freguesia de Alcântara (o Rei residia no Palácio das Necessidades). A inauguração da sede foi ensombrada pelo protesto “organizado” e violento, que obrigou Alfredo da Silva a usar da sua arma para evitar o linchamento de João Franco e de si próprio. A segunda participação política foi durante o sidonismo e a terceira junto da câmara corporativa de Salazar (que o ajudou a salvar a Casa Totta da falência).

A actividade como político foi sempre subsidiária da sua condição de empresário.A sua participação política teve sempre por base o lobbyng, e na sua convicção da importância da participação das corporações industriais nas decisões estruturantes para o país. Foi esta mensagem que ele “bebeu” em João franco, que se propunha renovar um sistema partidário que ia apodrecendo no rotativismo entre regeneradores e progressistas. Na demagogia proto-fascista de Sidónio viu uma salvação para o descalabro da 1ªRepública. Em Salazar viu um regime com que sempre sonhou: proteccionista, defensor da ordem e facilitador da vida dos empresário (os benquistos evidentemente).

Quando chegou a República, o Barreiro funcionava em pleno. Alferrarede também se tinha mostrado uma boa aposta. Foi a primavera da sua vida empresarial.

publicado por Rui Romão às 12:26
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Terça-feira, 21 de Agosto de 2007

O Ósculo Lusitano

Não sei se será correcto falar numa etiqueta tipicamente lusitana. Não tenho, tão pouco, o propósito de apresentar um estudo exaustivo sobre a forma como nos relacionarmos, no entanto existem um aspecto particular do nosso trato pessoal que gostaria de salientar: o beijo(s)

Como nota prévia, convém ter presente que a nossa matriz latina aproxima-nos dos nosso congéneres espanhois, italianos ou franceses (e dos seus respectivos domínios colonias). Este temperamento impulsivo, carregado de emotividade e de expressividade é inegável. No entanto o português, ao contrário dos demais, é por definição ciclotímico, ou seja flutua entre a euforia e a depressão com bastante facilidade, por contraste com o optimismo espanhol, o chauvinismo francês ou o narcisismo italiano.

Este nosso temperamento latino traduz-se em coisas tão simples como o gesto de nos cumprimentarmos com dois beijos na face, por oposição aos anglo-saxónicos que geralmente se ficam por um beijo, em regra com maior frivolidade. No seio da própria família real espanhola o cumprimento é feito com dois beijos na face. Em Portugal começou-se a institucionalizar, nomeadamente depois de Abril e com maior predomínio entre as classes altas (realisticamente ou por desejo ascencional), o cumprimento com apenas um beijo na face.

Avanço com uma explicação que me parece plausível. Este hábito, tipicamente anglo-saxónico, poderá ter tido o seu dealbar no decurso das guerras liberais, quando parte da nobreza portuguesa, partidários dos direitos da Rainha, se exilaram em Londres: bastião da resistência liberal. Foram várias as personalidades que por lá passaram, com destaque para o Marquês de Palmela (futuro Duque de Faial e de Palmela), Conde de Vila Flor (futuro Duque de Terceira), entre outros.

Este hábito caiu em desuso até ser desenterrado pelo PREC (Periodo Revolucionário em Curso) na ressaca de expropriações, nacionalizações e ocupações decretadas a partir do célebre V governo provisório, chefiado pelo companheiro Vasco. As famílias mais abastadas viram-se forçadas a abandonar o país, sem serem poupadas a alguns vexames, como prisões arbitrárias, ameaças de morte, etc.  Quando regressaram, a partir dos finais dos anos 80, em pleno consulado cavaquista, pouco mais teriam que os distinguisse dos demais, do que as magras indeminizações que o Estado lhes concedeu. As antigas honras, só foram recuperadas, em pleno, no malogrado desafogamento guterrista, embora não conseguissem ombrear com alguns "self made man" com Belmiro e Amorim à cabeça, que criaram os seus impérios à medida que o Estado ia reprivatizando.

Sem o ascendente financeiro, restava-lhes a educação burguesa, sinónimo de dinheiro antigo e de distinção social face ao novo riquismo sem modos nem educação que estes novos capitalistas representavam. O beijo, entre outros protocolos sociais, ganharam uma nova vida, revigorando-se à medida que o orgulho pelo nome substitui o mérito nas suas credenciais sociais.  É óbvio que o recrudescimento do beijo único é apenas um desses sintomas, no entanto não deixa de ser um aspecto importante a reter. O desejo ascencional encarregou-se de alargar o âmbito deste gesto, sem que os próprios percebam muito bem porquê.

Hoje em dia parece que o snobismo se tornou uma virtude. Já assisti num programa de TV (não me recordo qual era o reality show) a um comentário em que alguém admitia, sem esconder uma pontinha de orgulho, que era snob, justificando o facto por  ter sido educada para tal. A probabilidade dessa pessoa ler estas linhas não será elevada, no entanto poderia apenas registar que a origem parte do termo latino "sine nobilitate". Em Inglaterra, uma vez mais, as listas dos moradores indicavam junto de cada nome a profissão e a classe da pessoa. Por este motivo ao lado dos nomes dos simples burgueses aparecia a abreviatura s.nob., que quer dizer sem nobreza.

Como se percebe, não é motivo para grande orgulho.

 

 

publicado por Rui Romão às 09:00
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Terça-feira, 26 de Junho de 2007

Nos 75 anos da Morte do Rei D. Manuel II

 

 

Uma pequena homenagem para um grande português. 1889-1932

 

 

 

publicado por Rui Romão às 14:47
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Quarta-feira, 30 de Maio de 2007

Portugal na Vanguarda

Não sendo a capacidade inovadora uma característica reconhecida aos portugueses, existem alguns factos, mais ou menos desconhecidos, que  seriam um excelente contraditório a este estereótipo.

Recuemos quinhentos anos. Fomos os primeiros a chegar à Índia por via marítima e ao Brasil. Explorámos a costa africana e chegámos à Ásia. Outros países orgulham-se de façanhas muito semelhante: Espanhois, Holandeses, Ingleses. Agora nenhum país o fez de uma forma sistematizada, organizada e permanente, como Portugal, desenvolvendo uma complexa rede de trocas comerciais e culturais, estabelecendo feitorias, gerindo rotas, etc. Foi o génio do infante e o desígnio da coroa, a que se juntou a vontade popular,  a quem se deve este feito único, naquilo que pode ser entendido como o dealbar da globalização. Teve início no século XV e só teve o seu ocaso às portas do século XXI.

Se o gérmen da globalização é português, a primeira multinacional também nasceu na pátria lusitana. Trata-se da Ordem de Cristo, e o seu "logótipo" estava inscrito nas caravelas que cruzavam oceanos. Era a Ordem de Cristo que tinha a incumbência de desenvolver a exploração de novos territórios e o estabelecimento de trocas comerciais. No fundo era uma empresa "pública" com o monopólio da navegação e comércio ultramarino. Evidentemente que a Ordem de Cristo dependia da coroa. O Infante D. Henrique foi o primeiro Mestre pertencente à família real. Até então os mestres eram eleitos por seus pares. O último fora D. Lopo Dias de Sousa, filho da malograda Maria teles e de D. João, filho de D. Pedro e de Inês de Castro.

No início do século XIX, o Príncipe Regente, futuro D. João VI, haveria de introduzir uma novidade, que mereceria figurar nos compêndios de Ciência Política. Perante a iminente invasão francesa, a família real decidiu transferir a capital para o Rio de Janeiro, com a elevação do Brasil ao estatuto de reino. Com o título de Rei de Portugal, do Brasil e dos Algarves, D' áquem e D'álem mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Comércio e Navegação da Etiópia, etc, D. João VI manteve a independência do país, mesmo que uma parte (reduzida) estivesse ocupada por tropas estrangeiras. Este facto foi entendido como uma fuga. Eu considero que foi uma medida brilhante, porventura inconsciente, de alguém que ficou conhecido para a posterioridade como um estadista intermitente e inseguro. Não sei se Aristides Pereira se inspirou neste facto quando declarou em 1973, unilateralmente, a independência da Guiné Bissau. No entanto o argumento foi o mesmo: o país é independente, a diferença é que tem tropas estrangeiras no seu território.

Foi preciso chegarmos ao estertor do Estado Novo para se registarem mais factos dignos de nota. Curiosamente, ambos tiveram lugar em 1961 e foram percursores de algo que se começou a banalizar desde então: sequestros de veículos com fins políticos (aviões em particular). O caso Santa Cruz, correu o mundo, graças ao arrojo do Capitão Henrique Galvão e seus correlogionários. O autor da obra "Férias Sem Salazar" capitaneou o assalto ao navio da frota mercante portuguesa, com o objectivo de desviá-lo para Angola e aí originar um pronunciamento militar que resultasse na queda do regime de Salazar. Os seus intentos foram parcialmente bem sucedidos. O seu efeito mediático foi devastador, mas não conseguiu chegar a Angola, ficando-se pelo Brasil, país em que pediu azilo político.

O feito de Palma Inácio não tendo sido tão mediático, nem tão conhecido hoje em dia, não pede meças em termos de arrojo. Inácio desviou um avião proveniente de Marrocos com destino à Portela, fazendo-o sobrevoar, a baixa altitude, no centro de Lisboa e na Margem Sul, largando panfletos subversivos aos olhos do regime. O mesmo regime que colocou caças numa feroz perseguição, que apenas não resultou no derrube da aeronave por a mesma sobrevoar numa altitude muito perigosa do ponto de vista dos possíveis danos colaterais.

No entanto, pessoalmente, considero que a maior inovação até hoje alcançada pelos portugueses deve-se ao Almirante Pinheiro de Azevedo. Digo que é a maior, porque até hoje nunca foi repetida, pelo que a minha opinião se sustenta nessa singularidade. Face à reacção pro-gonçalvista que bloqueava o país, desde o seu tecido económico, passando pelo meio castrense  e também político. Desde sequestros no parlamento, perante a passividade da polícia e das forças armadas, à deflagração de engenhos explosivos e um clima de pré-guerra civil em que o país vivia, Pinheiro de Azevedo, no papel de Primeiro-Ministro, declarou que o Governo tinha entrado em greve, como sinal de protesto perante os condicionamentos de que era alvo e que o impediam de governar. Arrisco um prognóstico: nunca mais teremos outro governo em greve, em Portugal ou em qualquer parte do mundo.

 

Fica o vídeo, a atestar este facto

 

 

publicado por Rui Romão às 19:10
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Segunda-feira, 7 de Maio de 2007

A Revolta do Copo de Três

 

 

Ontem, como hoje, é comum falar-se de um grande desfazamento entre as elites governantes e o chamado povo anónimo que se tem que submeter a realidades que lhe são impostas, e não raras vezes, completamente hostis. A História de Portugal encontra-se repleta destes exemplos. Na maior parte das vezes, geram-se convulsões socias por questões anodinas, consideradas mesmo insignificantes por quem governa, mas que são de extrema relevância para quem se confronta com uma situação que lhe é adversa.

Interpreto esta disfunção à luz da relação entre a Ideia e a matéria. A ideia Hegueliana, que desce à terra para transformar o mundo, confronta-se com a revolução coperniciana de Marx, que vem da terra e das relações sociais que se materializam através da vontade dos Homens para gerar a ideia. São dois paradigmas que marcaram o último quartel do século XIX e que penso ajudam a explicar a diferente visão do mundo consoante se esteja no Terreiro do Paço ou nos socalcos do Douro.

Vem esta questão a propósito da revolução sangrenta que se deu no Porto em 1757 contra a decisão do Marquês de Pombal de proibir a venda de vinho a "avulso". Foi um motim que originou centenas de feridos e algumas dezenas de condenações à morte, próprias de alguém que não olhou a meios para afirmar a autoridade do Estado.

A intenção do Marquês era bondosa. Evitar a degradação da qualidade do vinho do Porto, numa época em que era corrente a prática de toda a espécie de manigâncias sobre este importante produto. O vinho do Porto era uma das principais fontes de entradas de divisas no país, desenvolvendo-se extraordinariamente o seu comércio após a assinatura do tratado de Methuen. Este tratado conferia condições preferencias de acesso ao mercado britânico face aos vinhos provenientes de uma França Colbertista, em troca de uma maior abertura à entrada de lanifícios britânicos. Com a criação da Real Companhia, o estado assumiu o Monopólio do comércio do Vinho do Porto e assim passou a controlar todo o seu circuíto comercial, inclusivamente nos locais de consumo habituais -as tavernas.

Eis um exemplo de uma realidade que parece insignificante à luz do poder - beber um copo de vinho numa taverna - mas que para o povo era algo considerado imprescindível. Tão importante como enterrar os mortos nos adros das igrejas, geradora, a par do descontentamento face aos Cabrais, da Maria da Fonte.

Quando as elites não conseguem compreender a vontade popular dificilmente conseguirão mudar o que quer que seja. A reforma é preferível à revolução, pelo que para reformar é necessário compreender as perspectivas diferentes. As grandes transformações geralmente são concebidas por conservadores, porque são mais adeptos do gradualismo (modelo inglês) por oposição ao modelo revolucionário (francês), onde a lógica é destruir tudo para voltar a construir tudo de novo.

O resultado da política de Pombal ou do Costa Cabral poderia ser o mesmo, agora os meios podiam ter sido outros sem prejuízo dos fins. Ontem, como hoje.

publicado por Rui Romão às 22:00
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Sexta-feira, 23 de Março de 2007

A Coca Cola e o século XX Português

 

 

"Primeiro estranha-se, depois entranha-se", este foi o slogan publicitário criado por Fernando Pessoa, em 1928, para o lançamento da Coca Cola em Portugal. Em plena ditadura militar, onde já pontificava a austeridade do ministro das finanças, Oliveira Salazar (que Pessoa abominava), o projecto foi recusado, com a justificação que criava "habituação".

O argumento não é completamente despropositado. A Coca Cola surgiu como resposta ao sucesso de um vinho de origem italiana, Vinho Marianni, produzido à base de cocaína. Vem-me à memória a frase de Frédéric Bartholdi, criador da Estátua da Liberdade, que referiu que se o vinho Marianni tivesse sido inventado mais cedo teria projectado uma estátua muito maior. Até 1929, a cocaina resistiu na composição quimica da Coca Cola, razão pela qual a resposta das autoridades portuguesas até pode ser considerada progressista.

Já em pleno Estado Novo, a empresa voltou à carga. O concessionário para a Península Ibérica, um russo de ascendência americana mas radicado em França, tentou por todas as vias convencer o senhor de "S. Bento"  a autorizar a comercialização da popular bebida americana. A última das quais, oferecendo uma "comissão" ao presidente do Conselho. Parece que Salazar, cordialmente, disponibilizou os préstimos dos seus seguranças para o acompanharem imediatamente ao aeroporto...

A terceira démarche foi, imagine-se, através do financiamento de uma campanha eleitoral. A frase "obviamente demito-o", proferida por Humberto Delgado na campanha presidencial de 1958, não foi apenas um sinal de luta contra a ditadura, pois resultou de uma "exigência" da Coca Cola (com o envolvimento da CIA ), como justificativo para tão generosa oferta. Álvaro Cunhal, que detestava Delgado, chamou-lhe o General Coca Cola...

Esta tentativa foi tão frustrada com as restantes, não deixando de ser elucidativa da força que as grandes multinacionais detêm e as vias que utilizam para que prevaleçam os seus interesses.

A Coca Cola entraria legalmente em Portugal (nas colónias consumia-se através de contrabando com países vizinhos) em 1977, 49 anos após a primeira tentativa, sem que a sua entrada não tenha sido vista com desconfiança pelas hostes comunistas, agitando a conhecida bandeira da luta contra o imperialismo americano. Esta foi a única batalha ganha pela Coca Cola, numa altura em que o país se começava a recompor do agitado processo revolucionário, e em que era evidente a atitude de maior abertura ao exterior. 

publicado por Rui Romão às 13:02
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Segunda-feira, 19 de Março de 2007

O Marquês da Bacalhoa

 

 

O Marquês da Bacalhoa não consta nos livros de linhagens da nobreza Portuguesa. Nunca existiu ninguém que tivesse ostentado esse título, nem tão pouco se conhecem pretendentes. No entanto,ele serviu de título ao livro mais polémico editado em todo o século XX em Portugal. Nenhum outro teve impacto semelhante nas esferas políticas do país, nem o célebre "Portugal e o Futuro" do General Spínola. O Marquês da Bacalhoa foi escrito por António de Albuquerque, escritor praticamente desconhecido nos dias que correm, e relata a vivência de uma família aristocrática, residente em Azeitão (Palácio da Bacalhoa). Na narrativa são relatados factos pouco abonatórios, onde se contam relações extra-conjugais, lesbianismo e outras pequenas intrigas palacianas. O livro não seria polémico, nem o impacto que viria a ter, não fosse esta obra um autêntico libelo difamatório em relação à família real portuguesa. O "Marquês" da Bacalhoa retratava, nem mais nem menos, que o Rei D. Carlos I (proprietário do palácio da Bacalhoa)e a "Marquesa" Raínha DªAmélia, sendo o livro especialmente cáustico em relação a esta última-acusada de manter uma relação amorosa com Mousinho de Albuquerque e com uma dama da corte. O propósito do livro era, evidentemente, desacreditar a família real, indo ao encontro dos desejos da turba republicana. António de Albuquerque, autor mediocre ao nível de um Guerra Junqueiro, apenas se notabilizou por esse romance supostamente "neo-queiroziano". Albuquerque foi um arrependido amargurado, chegando inclusivamente a depositar num notário uma declaração de arrependimento em relação à Rainha Dª Amélia e ao Rei D. Carlos (este último a título póstumo).  A sua penitência de pouco serviu, numa altura em que já agonizava, pois os ventos da história já sopravam noutra direcção. O seu livro, tal como o célebre "Caçador Simão", apenas tiveram o impacto social (hoje diria-se mediático) pelo facto de irem ao encontro das pretensões republicanas. Quando António de Albuquerque se retratou, em 1921, já a burguesia se passeava pelos corredores do (tumultuoso) poder republicano, pelo que o impacto foi praticamente nulo. Ficou o gesto da Raínha Dª Amélia, que vivendo a sua viuvez no exílio, teve a atitude magnânime de perdoar quem a vilipendiou de uma forma perfeitamente arbitrária e injusta. António de Albuquerque também detém o seu quinhão nas balas do 1º de Fevereiro, mas, façamos-lhe justiça, foi o único que no seu leito de morte teve a lucidez de reconhecer as suas faltas, dando a devida publicidade ao acto .

 

 

publicado por Rui Romão às 14:45
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