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Sexta-feira, 30 de Março de 2012

Breve Resenha dos Chefes de Estado de Portugal

 

Não são os reis ou os presidentes que fazem os povos. É precisamente o contrário. No entanto, todos tiveram um papel importante, para o bem e para o mal, no tempo em que viveram, principalmente até ao constitucionalismo entrar em "velocidade de cruzeiro". Neste post, faço uma brevíssma análise de todos os que tiveram este estatuto em Portugal.

 

D. Afonso Henriques (1128-1185)– Forjou com a sua espada e astúcia um Reino que dura há nove séculos. Emancipou-se da tutela de sua mãe, dominada pelos fidalgos galegos, teve nas poderosas famílias de Ribadouroa sua base de apoio. Ganhou muito no campo de batalha, desde São Mamede (1128), Ourique (1139), Santarém e Lisboa (1147), para além das conquistas dos caudilhos que iam lutando, de uma forma um tanto ou quanto anárquica, pelasuacausa, sendo o mais conhecido o célebre “Geraldo Sem Pavor”, grande conquistador no Alentejo. A sua mais importante vitória foi, contudo, no campo diplomático, ao cortar os laços de suserania em relação a Leão e Castela, através da sua acção junto do Papa. Como não se pode ser vassalo de dois senhores em simultâneo, o reconhecimento da nossa independência através da via papal foi melhor do que qualquer batalha, por mais épica que fosse. 

D. Sancho I (1185-1212)– Lançou as raízes do Estado, com uma política de povoamento e de concessão de forais, mas também foi responsável pelo enfraquecimento do poder real, através de largas benesses, nomeadamente às suas filhas, que viriam a originar a primeira guerra civil portuguesa, no reinado do seu filho. Morreu com um reino mais pequeno do que aquele que herdou de seu pai, depois da ofensiva fulminante do “Almansor” em 1211.

D. Afonso II (1212-1223)– Foi o primeiro monarca não guerreiro e também o primeiro estadista na plena acepção do termo. A sua compleição física e a lepra, impediram-no de ser um Rei cavaleiro como seu pai e seu avô. Deparou-se com uma guerra civil que o opôs às suas irmãs, por se recusar a cumprir o testamento de seu pai, onde prodigalizava as suas irmãs com vilas fortificadas, e que colocava em causa o seu poder. Teve ainda que pôr cobro aos abusos da nobreza e do clero através das inquirições e confirmações, que muito contribuíram para a deterioração das relações com Roma.

D. Sancho II (1223-1248)– Subiu ao trono muito novo e como sempre aconteceu nestas circunstâncias em Portugal, a desventura acompanhou-o. Foi um rei que nunca governou verdadeiramente, titubeante entre os diversos interesses que o tentavam - e conseguiam- manietar. O resultado da sua política de cata-vento foi não ter conseguido agradar a ninguém, sendo afastado do trono pelo Papa, que nomeou o seu irmão regente do Reino. Foi talvez a primeira vítima da guerra entre os Senhores e os Concelhos, dialéctica que fez a História de Portugal.

D. Afonso III (1248-1279)– Fechou um ciclo com "chave de ouro". Fixa a capital em Lisboa e conquista definitivamente o Algarve, através de uma aliança com Afonso “o Sábio”, que envolveu o casamento com a sua filha Beatriz, e nem o facto de o Rei já ser casado (com a Condessa de Bolonha) constituiu impedimento.

D. Dinis (1279-1325)- Cria a primeira universidade, ordena que os documentos oficiais sejam escritos em Português, define fronteiras, funda a ordem de Cristo, promove o desenvolvimento da agricultura através do estabelecimento de novas povoações em terras livres, concede imensos forais, constrói ou reconstrói fortificações. Em suma, o melhor chefe de Estado que Portugal já teve, e nem a guerra civil, que o opôs a seu filho, mancha o seu legado.

D. Afonso IV (1325-1357)– Um rei irascível, mas que não deixa obra. Combateu no Salado em defesa da cristandade, mas também o seu genro, Afonso XI, por este não tratar a sua filha com a consideração que lhe era devido. Não fosse Inês de Castro e a guerra que moveu contra o pai (mais tarde sofreria na pele o mesmo tratamento pela mão do seu filho) e não passaria à História.

D. Pedro I (1357-1367)– Um romântico, justiceiro, arrebatado, cuja melhor representação é a paixão por Inês de Castro. Gostava de fazer justiça por onde quer que passasse, interessando-se até pelos assuntos mais triviais, como relações conjugais, mas, tal como o seu pai, também não fez nada pelo progresso do país.

D.Fernando I (1367-1383)– Um fraco rei faz fraca a forte gente, disse-o Camões e não creio que se tenha enganado. Fez a guerra com Castela por duas vezes, saindo em ambas as ocasiões derrotado, deixou-nos praticamente no limiar da absorção pelo nosso poderoso vizinho, por culpa do casamento que negociou entre a sua filha (DªBeatriz) e o Rei de Castela (D. João I). O seu próprio casamento, com Leonor Teles, senhora casada, depois de já ter prometido casamento com outras Leonores(de Aragão e de Castela), foi também motivo de descontentamento. Péssimo monarca.

D. João I (1385-1433)– Desatou os nós do antecessor pela espada de Nuno Álvares, assegurando assim a nossa independência. Foi no seu reinado que os portugueses iniciaram a aventura dos descobrimentos, pela mão do seu filho, o Infante D. Henrique, dando início à mais gloriosa dinastia portuguesa.

D. Duarte (1433-1438)– O mais culto de todos os monarcas portugueses, deixou-nos obras como o "Leal Conselheiro" e a "Arte de Bem Cavalgar Toda a Sela", mas o seu curto reinado foi marcado pelo desastre de Tangêr e pela morte do seu irmão, cativo em Fez, por não cumprirmos a exigência de devolver Ceuta.

D. Afonso V(1438-1481)– O Dom Quixote Português. Fraco, pusilânime, foi um joguete nas mãos da alta nobreza. Meteu-se em guerra com Castela para defender os direitos da sobrinha “a Beltraneja”, mas perdeu-a em Toro. Andou por França e pela Borgonha para conseguir apoios mas só conseguiu ser humilhado pelo francês Luis XI. As conquistas africanas foram mais um acto quixotesco do que um desígnio objectivo.

D. João II (1481-1495)– Teve que refundar o país, desbaratado por seu pai, fazendo-o com uma brutalidade que impressionou os coevos. Travou uma guerra sem quartel contra os principais fidalgos do reino, entre os quais o Duque de Bragança e o seu próprio primo e cunhado, o Duque de Viseu, mas perdeu essa guerra, morrendo sozinho em Alvor, depois de ter sido envenenado. Concebeu o projecto de chegar à Índia por via marítima, dando um impulso decisivo com a passagem do cabo das tormentas, em 1488, por Bartolomeu Dias, que baptizaria de Cabo da Boa-Esperança.

D. Manuel I (1495-1521)– O mais glorioso monarca português, embora se lhe aplique a velha máxima de Newton “(…) sob os ombros de gigantes. Colheu os frutos do seu antecessor, mas fê-lo de uma forma ponderada, num espirito de união que o levou a reparar os excessos de D. João II, restaurando, por exemplo, a Casa de Bragança, mas sem hostilizar aqueles que estiveram com D. João II, como o 1º Conde de Borba, ou o mestre da Ordem de Santiago (filho de D. João II).

D. João III (1521-1557)– Um rei bipolar. Capaz do melhor e do pior. Foi no seu reinado que se começou a colonização do Brasil. Deve-se a ele também a mudança da Universidade para Coimbra (para a qual deu o seu próprio palácio) e a fundação do Colégio das Artes, primeiro centro de estudos secundários de Portugal, para o qual chamou mestres estrangeiros, naquilo que podemos considerar o dealbar do humanismo português. Foi sol de pouca dura, pois este mesmo monarca, que era de uma religiosidade exacerbada, pediu ao Papa o estabelecimento da inquisição, responsável por uma das páginas mais negras da nossa História. Herdou um império próspero, mas não conseguiu evitar o seu inexorável declínio.

D. Sebastião (1557-1578)– Um rei megalómano que não percebeu o tempo em que vivia. A minha dúvida seria apenas se o Rei era um caso clínico ou um reflexo da educação que lhe deram na corte. Morreu sem glória em Alcácer Quibir, abrindo caminho para a dominação estrangeira.

D. Henrique (1578-1580)– Impotente para contrariar o inevitável. Era Cardeal, logo não podia casar para dar um herdeiro ao Reino, e ainda por cima já era velho. Foi mais uma vítima do que um carrasco.

D. António(1580) – Chegou a ser aclamado, embora as teorias se dividam acerca da sua realeza. Fez frente a Filipe II em Alcântara, com uma tropa fandanga, demasiado frágil para se opor ao poderio castelhano. Foi para os Açores, onde tentou organizar a resistência, procurando em França e Inglaterra apoios para a sua causa, que nunca chegaram sequer a incomodar o novo monarca.

Filipe II (1580-1598) – Manteve os foros do Reino, numa tentativa inteligente de manter Portugal com uma aparência de independência    

Filipe III(1598-1621) – No seu reinado acentua-se a integração no conjunto peninsular. Deve-se a ele a publicação das novas ordenações, chamadas filipinas, que substituíram as de D. Manuel, já muito desfasadas da realidade.

Filipe IV(1621-1640) – Foi o Rei que teve que geriu a sublevação portuguesa, nunca conseguindo verdadeiramente perigar a restauração, num contexto em que teve também que combater uma revolta na Catalunha. A sua política de casamentos das filhas levou à guerra de sucessão de Espanha, em que Portugal também interveio.

D. João IV (1640-1656)– A obra do “Restaurador” começa e acaba na guerra pela Independência. Todos os recursos do Reino foram empregues neste desígnio, não só no campo militar mas também naquilo que hoje poderíamos catalogar de propaganda, que o melhor exemplo foi a publicação do primeiro periódico português “A Gazeta da Restauração”. Foi sempre mais apaixonado pelas artes do que do que pelo trono, morreu prematuramente, deixando o país numa situação difícil, devido à morte do primogénito (D. Teodósio) e à insanidade do filho (futuro D. Afonso VI). 

D. Afonso VI(1656-1683)– Um deficiente profundo que nunca devia ter sido soberano de Portugal. Completamente dominado pelo Conde de Castelo Melhor, que foi efectivamente quem reinou neste período, conseguiu ainda assim vencer a guerra da restauração. O seu afastamento do trono podia ser adaptado a uma peça de comédia, com a entrada da rainha no Convento da Esperança e o subsequente casamento com o seu cunhado, futuro D. Pedro II.

D.Pedro II (1683-1706) – Um Rei lúcido, que se apoiou no Conde da Ericeira para desenvolver um reino que tinha estagnado no reinado de D. Manuel. Não conseguiu esse objectivo, mas foi no seu reinado que surgiram as primeiras pepitas de ouro do Brasil, que marcariam o mandado do seu filho. Como aspecto negativo, a intervenção na guerra de sucessão de Espanha, onde perdemos muito e não ganhámos nada.

D. João V (1706-1750) - O magnânimo levou a cabo uma política de restabelecimento do prestígio de Portugal, cuja monarquia recentemente instaurada necessitava como "de pão para a boca". Ficaram os coches das embaixadas ao papa  e outras obras marcantes, como o Aqueduto das Águas Livres ou o Palácio de Mafra. Desperdiçou uma ocasião única para desenvolver o tecido produtivo do país, porque a afluência das divisas auríferas estagnou completamente a actividade económica, ao invés de a estimular. Não era necessário produzir, porque se podia comprar no estrangeiro e o resultado foi um défice enorme na balança comercial que nos empobreceu.

D. José I (1750-1777)– O reinado de D. José confunde-se com a acção do Marquês de Pombal. Um reinado enérgico, onde se procurou verdadeiramente andar para a frente. A bem dizer, foi Pombal quem construiu o Estado Moderno, afastando todos os obstáculos, reais ou imaginários, a esse objectivo, não abdicando do uso da força. Para Pombal, um Estado forte, tinha que ser centralizado na figura do Rei, subjugando as restantes classes que aprendera na escola: Clero, Nobreza e Povo. Tentou instituir  o comércio base económica deste novo Estado, que substituisse o papel que o ouro do Brasil tivera no reinado antecedente.

D. Maria I (1777-1816)- Do seu reinado fica a política da "Viradeira", pedra tumular do período pombalino, e pouco mais. Com o falecimento do seu filho primogénito e do seu marido, ficou mentalmente debilitada para reinar, e embora ainda fosse rainha aquando do ultimato de Napoleão e da subsequente transferência da corte para o Brasil, a governação já estava entregue ao príncipe regente, futuro D. João VI.

D. João VI (1816-1826) - Teve a difícil missão de jogar na diplomacia a aliança inglesa versus a política francesa de bloqueio continental. Não pôde ceder à exigência francesa porque a Inglaterra dominava os mares e era por via marítima que íamos para o Brasil. Acabou por transferir a corte para o gigante da América latina, contribuindo decisivamente para o seu desenvolvimento e futura emancipação. Assistiu de longe às invasões francesas, não tendo um papel decisivo na luta do exército anglo-luso pela sua libertação. Regressou a Portugal depois da Revolução Liberal de 1820, jurando a constituição de 1822, mas teve que ceder aos ímpetos do filho na Vila Francada, golpe apoiado até pelos liberais moderados, para pôr fim aos exageros dos chamados vintistas. Mais tarde, D. Miguel voltou a enfrentar o pai, naquilo que foi o prenúncio do que viria a ser a guerra entre liberais e absolutistas, mas a “Abrilada” acabou por ser mal sucedida, obrigando ao exílio vienense do Infante rebelde. Deixou o príncipe D. Pedro no Brasil, já antevendo a sua independência, que viria a reconhecer um ano antes de morrer. Expirou em 1826, possivelmente envenenado.

D. Pedro IV (1826-1828)– O único rei que não reinou um único dia em Portugal. Soltou o grito do Ipiranga em 1822 que tornou o Brasil independente, mas depressa caiu em desgraça junto dos novos brasileiros. Outorgou a Carta Constitucional, muito mais moderada do que a Constituição de 1822, que viria a durar, com interregnos, até à queda da monarquia. Abdicou do trono de Portugal na sua filha, ainda criança, Maria da Glória, futura Dª. Maria II que pretendeu casar com o seu irmão Miguel, mas o plano saiu gorado porque este, chegado a Portugal, proclamou-se Rei Absoluto. Abdicou do trono imperial, onde já não gozava de grande prestígio, para vir para os Açores comandar a resistência liberal, travando uma guerra que à partida parecia condenada ao fracasso, mas que conseguiu vencer.

D. Miguel (1828-1834) – Pôs-se à frente da contra-revolta absolutista que o obrigou ao exílio após a Abrilada mas regressou a Lisboa em 1828, aceitando a proposta do irmão de casar com a sua filha e jurar a Carta Constitucional. Chegado a Lisboa fez letra-morta desse compromisso e lutou numa guerra civil que perdeu e o levou ao segundo exílio, desta vez até à morte.

D. Maria II (1832-1853)- Missão difícil teve que enfrentar um rainha num pais que se digladiava entre moderados (cartistas) e radicais (vintistas) e que marcaram todo o seu reinado até à regeneração de 1851. Tentou sempre obter a paz, embora não tenha compreendido a Revolução de Setembro, que a levou a uma tentativa gorada de reprimir esse movimento com a intervenção de forças estrangeiras, golpe que ficou conhecido como a Belenzada. Não o sabia, mas quando morreu, em 1853, o país caminhava para a paz e para a prosperidade.

D. Pedro V (1853-1861)– Um príncipeculto, cheio de ideais, mas que se sentia acima do próprio reino. Moldado pelamentalidade alemã, incutida pelo pai, tinha dificuldade em compreender a desorganização do país. Era dado a estados depressivos, mas isso não o impediu de levar a cabo um ensaio de progresso de que Fontes Pereira de Melo foi o fiel intérprete, embora tenha mantido com o estadista uma relação tensa. O povo amava-o pelo seu empenho principalmente na caridade, mas acabou os seus dias amargurado pela morte prematura da sua mulher, Dª Estefânia, que amava do fundo do coração. Também ele morreu prematuramente.

D. Luis I (1861-1889)– Soube que seria rei quando ao chegar da Alemanha, a bordo da corveta Bartolomeu Dias, onde tinha ido levar a irmã, DªAntónia, que se casaria com o príncipe Leopoldo da Alemanha, o Duque de Loulé, então chefe do governo, o tratou por Sua Magestade. Foi um verdadeiro Rei constitucional, sem interferir na governação, datando do seu reinado o período mais glorioso do fontismo. Foi também sob a sua égide que se deram as campanhas africanas que tanto emocionaram os coevos, mas foi também D. Luis que permitiu o crescimento do Partido Republicano, cujo impulso foi dado pelas comemorações do IV centenário da morte de Camões, em 1880.

D. Carlos I (1889-1908)– Rei cultíssimo, não conseguiu criar um novo sistema de governo que acabasse com o rotativismo decadente entre progressistas e regeneradores. Apadrinhou a criação do Partido Regenerador Liberal de João Franco, mas pagou com a vida a ousadia de tentar renovar um pais minado pela subversão republicana, movimento que procurou nas armas o que nunca conseguiu nas urnas.

D. Manuel II (1908-1910)- Subiu ao trono com apenas 18 anos, trono na sequência do regicídio que tirou a vida ao seu pai e ao irmão mais velho. Não foi preparado para ser Rei, mas tentou pacificar a sociedade portuguesa com os governos da acalmação. Não conseguiu traduzir em resultados este objectivo, sucedendo-se governos (5) no seu curto mandato de 2 anos e 9 meses. No exílio nunca se mostrou muito interessado em voltar ao trono através de golpes militares, desenvolvendo uma importantíssima obra de estudo de livros antigos portugueses. Morreu prematuramente, quando pouco passava dos 40 anos, regressando à Pátria, onde Salazar lhe fez um funeral de Estado.

Manuel Arriaga (1910-1915) - Figura de grande prestígio e com uma brilhante carreira académica, teve que se bater com as contradições dentro do Partido Republicano Português, que após a implantação da República se desagregou entre Democráticos (radicais) e Evolucionista (moderado), o que conduziu à instabilidade parlamentar e social que haveria de marcar toda a primeira república. Tentou pôr cobro a esta tensão passando ao lado do parlamento, através de Pimenta de Castro (no que ficou conhecido como a ditadura de Pimenta de Castro) mas este governo cairia por um golpe militar, que o conduziu à demissão.

Teófilo Braga (1915)– Outro académico reputadíssimo, cujo trabalho sobre a obra de Camões ainda hoje têm que ser lido por qualquer estudioso na matéria, mas cujo papel na chefia do Estado se limitou a “cumprir calendário” após a demissão de Arriaga.

Bernardino Machado(1915-1917) – O único português que teve dois mandados não sucessivos na chefia do Estado, proeza que pode juntar à de ter sido em ambas as vezes afastado através de golpes militares: revolução sidonista e o 28 de Maio. Era presidente durante a IªGuerra, tendo sido este conflito, aliado à degradação da situação económica, politica e social, que abriram portas ao Sidonismo.

Sidónio Pais (1917-1918)- Antes da marcha sobre Roma de Mussulini, Sidónio tentou instaurar um regime fascista “avant la lettre”. Fartos da situação caótica em que os políticos parlamentares da República tinham mergulhado o país, o povo e os militares apoiaram de uma forma incondicional Sidónio Pais, que acabou eleito depois de um golpe militar bem-sucedido. Durante 1 ano vigorou um regime diferente, que se acreditava que pusesse fim à fome e aos atentados que punham o país a ferro e fogo. Ficou para a história a “Sopa do Sidónio” e o atentado que lhe tirou a vida no Rossio.

Canto e Castro (1918-1919) – Homem de confiança de Sidónio País, sucedeu-lhe após o atentado do Rossio. Assumidamente monárquico, foi fiel ao seu juramento e bateu-se energicamente contra a monarquia do norte, liderada por Paiva Couceiro.

António José de Almeida (1919-1923)– Foi o único presidente da Iª República que terminou o seu mandato, embora esta ilusão de estabilidade não tenha tradução na realidade, como provam os atentados de1921, a chamada “Noite Sangrenta”, onde vários herois da Republica perderam a vida, nos jogos de poder do regime.

Manuel Teixeira Gomes (1923-1925) - Um literato que ocupou fugazmente o cargo, não deixando nada a registar. É mais conhecido pelas suas tendências supostamente pedófilas, que terão pesado no auto-exílio argelino.

Bernardino Machado (1925-1926) – Sucedeu ao desinteressado Manuel Teixeira Gomes, mas não conseguiu para acabar com o clima de instabilidade. Foi afastado pelo Golpe do 28 de Maio, movimento fundador do salazarismo.

Mendes Cabeçadas (1926) - 1º presidente depois do 28 de Maio, no entanto demasiado comprometido com o regime da Iª República para encabeçar um novo regime. Pretendia reformar o regime anterior, mas o momento era de ruptura.

Gomes da Costa (1926)– Militar prestigiado, meteu-se à frente do exército e a partir de Braga marchou para Lisboa para pôr fim à IªRepública. Sucedeu a mendes cabeçadas, mas cedo se aperceberam que o seu ambiente natural era mais a caserna do que o Palácio de Belém. Desorganizado, desajeitado, foi engolido pela sua inaptidão para  o cargo.

Óscar Carmona (1926-1951)- Uma das três cabeças do 28 de Maio, acabou no cargo por exclusão de partes. O seu protagonismo foi enorme até surgir a aura de prestígio de um ministro das finanças que chegaria a chefe do governo. Ao contrário do que se pensa, a sua relação com Salazar foi tensa e tentou mesmo afastá-lo do cargo nos primeiros anos do seu mandato, quando os saudosistas da Iª República ainda tinham força para se lhe opôr. No entanto, apercebeu-se que sairía sempre derrotado dessa batalha e conformou-se à situação de Chefe de Estado corta-fitas, que ocupou até à morte em 1951.

Craveiro Lopes(1951-1958)- O problema de Craveiro Lopes era pensar que tinha sido verdadeiramente eleito, e como tal com uma legitimidade própria. O fausto das chegadas a Belém revelam deslumbramento, exacerbado face ao seu real poder. A sua ilusão de poder levaram Salazar a não reconduzi-lo no cargo em 1958.

Américo Tomás (1958-1974)- Teve nas mãos a difici tarefa de gerir a sucessão de Salazar após este cair da cadeira, que acabou com a escolha de Marcelo Caetano. Antes, teve possibilidade de se aliar ao general Botelho Moniz para derrubar o Ditador no seu ano horribilis de 1961, mas manteve-se fiel a quem o nomeou e o golpe abortou. O seu poder, como o de todos os presidentes no chamado “Estado Novo”, era tão residual que ninguém se deu ao trabalho de cercar Belém no 25 de Abril de 1974. Limitaram-se a "transportá-lo" para o exílio na Madeira.

António de Spínola (1974) - General que comandou a contra-guerrilha na Guiné-Bissau, cujo falhanço não lhe retirou prestígio. Com a publicação do livro “Portugal e o Futuro”, onde defendia uma solução política para a guerra colonial, foi demitido por Marcelo Caetano, que haveria de lhe entregar o poder quando estava cercado pelas tropas de Salgueiro Maia no Lg. do Carmo. Foi antes de Mário Soares, o paladino da luta contra a instauração de uma ditadura comunista, demitindo-se em 28 de Setembro de 1974, depois de os comunistas impedirem a entrada em Lisboa de oposicionistas ao PCP da chamada “maioria silenciosa”. Defendia para as colónias uma solução do tipo “Comon Wealth”, que não colheu apoios. Teve que se exilar depois de ter encabeçado o golpe frustrado de 11 de Março de 1975, verdadeiro pontapé de saída do PREC – Período Revolucionário em Curso.

Costa Gomes (1974-1976)– Sucedeu a Spínola depois do 28 de Setembro de 1974, mantendo uma posição sempre dúbia relativamente ao gonçalvismo. Não hostilizou nem apoiou o PREC, mas terá apoiado a transição para a democracia, personalizada pelo VI Governo provisório, presidido pelo bem-disposto Almirante Pinheiro de Azevedo.

Ramalho Eanes (1976-1986)– Militar praticamente desconhecido até ao 25 de Novembro, quando, a par com Jaime Neves, liderou a resistência às forças de extrema esquerda afectas ao Partido Comunista que tentaram conquistar o poder através de um golpe militar. No plano político, foi o presidente da transição para a democracia, que se atinge plenamente em 1982 com a extinção do Conselho da Revolução. Teve relações tensas com vários primeiros-ministros, começando com Mário Soares, passando por Sá Carneiro e acabando em Pinto Balsemão. Foi o último presidente com algum poder em Portugal, que lhe permitiu constituir governos de iniciativa presidencial e fundar um partido: o PRD.

Mário Soares (1986-1996) –Depois de uma eleição renhida com Freitas do Amaral, foi um presidente sempre popular, embora sempre pronto para embaraçar o primeiro-ministro com que conviveu mais tempo, Cavaco Silva. Teve o mérito de ter sido um factor de união dos portugueses.

Jorge Sampaio (1996-2006)– Com uma visão minimalista das funções presidenciais, teria sido um presidente sem história, não tivesse dissolvido a assembleia com uma maioria estável, por motivos triviais relacionados com as gaffes do Primeiro Ministro de então, Pedro Santana Lopes.             

  

 

publicado por Rui Romão às 08:43
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