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Segunda-feira, 12 de Março de 2012

A Relação Difícil de D. João II e Dª Leonor

 

Façamos esta reflexão no plano puramente teórico: imagine que alguém, com quem estamos casados, mata (ou manda matar) o nosso irmão, o nosso cunhado e  força uma irmã ao exílio. Pois bem, foi com esta situação que a Rainha Dona Leonor se deparou nos anos de matrimónio com D. João II, justificando a relação complexa que tiveram até aos últimos dias (ou para ser mais exacto, até ao último dia).

Pela descrição, nada nos levaria a supor que este rei tivesse granjeado a aurora da perfeição, no entanto devemos, em abono da verdade, relativizar estes factos com o contexto dificílimo com que ele se deparou.

O seu pai, D. Afonso V, foi um rei fraco, que se deixou manietar completamente pelas classes abastadas, prodigalizando-as com exacerbadas mercês que deixaram completamente exangue o erário régio. Quando D. João II é aclamado tinha só as estradas do reino (palavras do próprio) e uma nobreza e um clero a rebentar pelas costuras de opulência.  D. João II quis desde o primeiro minuto opor-se a isto, tentando  reverter para a coroa parte do património desbaratado por seu pai. Como seria de supor, a principal vítima foi a Casa de Bragança, cuja fortuna vinha desde os tempos do Condestável Nuno Alvares Pereira. D. Fernando II, que era então o 2º Duque de Bragança, foi acusado de alta traição, por supostamente estar envolvido numa conspiração para matar o monarca. Este duque era casado com uma irmã da rainha, que depois teve de fugir com o seu filho, D. Jaime, para Espanha, na sequência da condenação à morte do seu marido, sentenciado com a pena de morte na Praça do Geraldo, em Évora.  Nesta fuga para Espanha talvez esteja a chave para o enigma da saída de Portugal das célebres tapeçarias de Pastrana, sobre as quais já escrevi há uns anos.

Depois deste episódio, a nobreza portuguesa ficou em choque. Se é verdade que nada se apurou relativamente à culpabilidade do Duque de Bragança, cuja casa foi extinta e em grande parte incorporada no património régio, está provado que os fidalgos mais importantes passaram deliberadamente ao ataque, gizando um plano para eliminar o Rei, antes que este lhes apontasse as suas baterias.

Nesse plano, outro irmão da rainha, D. Diogo, Duque de Viseu, teve um papel de destaque, numa urdidura que tinha também envolvidos, entre outros, o Bispo de Évora (D. Garcia de Menezes) e o Senhor de Sesimbra (D. Guterre Coutinho).

O Plano era o seguinte: D. João II estava em Alcácer a caçar e quando, no regresso, desembarcasse em Setúbal cairíam-lhe em cima os conspiradores, numa situação em que a guarda-real pouco poderia fazer. Sucede que um dos conspiradores, Dom Guterre Coutinho, Senhor de Sesimbra, para demover o irmão, que pretendia ir para o estrangeiro, confidenciou-lhe o plano de regicídio, assegurando-lhe que a situação ia mudar e assim ele não precisaria de ir para o estrangeiro. D. Vasco Coutinho foi no entanto denunciar ao monarca o plano que os conspiradores tinham delineado, mas obteve a garantia deste de que o irmão seria poupado (que este não cumpriu). D. João II regressa por terra e o plano sai gorado. A vingança não se fez esperar. Chama o cunhado a Setúbal e apunhala-o (ou manda apunhalar) no próprio Paço. O Bispo de Évora morreu numa cisterna do Castelo de Palmela e D. Guterre em Avis. Vasco Coutinho foi feito Conde de Borba, terra que tinha sido incluída na coroa depois da extinção da Casa de Bragança, e mais tarde Conde de Redondo, quando D. Manuel restaura a casa Brigantina e inclui novamente Borba nos seus domínios. Não deverá ter sido fácil para Dom Manuel resolver este diferendo, sabendo que na origem daquela casa estaria a causa da morte do seu irmão, Dom Diogo.

A Rainha Dona Leonor teve que suportar toda esta situação. Fê-lo em silêncio, ou pelo menos de uma forma discreta. Não é de excluir, e muito se especula a esse respeito, que tenha assumido uma posição hostil relativamente ao marido. Esta situação deve ter sido agravada quando morreu o filho único do casal, D. Afonso, em Santarém, na sequência de uma queda de cavalo. Quando em 1491 morre o herdeiro, começa a colocar-se o problema da sucessão. D. João II tinha um filho bastardo, D Jorge (que erradamente apelidam de Lencastre), que era Mestre de Santiago. No entanto, caso este não fosse legitimado, seria outro irmão de Dª Leonor, D. Manuel, a herdar a coroa. D. João II fez tudo para o legitimar, inclusivamente tentou-o casar com uma filha dos Reis católicos, mas não teve sucesso nesta iniciativa. Dª Leonor bateu-se por todas as vias contra esta solução, na defesa dos direitos do seu irmão, face ao enteado, o não muito iluminado D. Jorge. 

Foi esta a origem dos rumores sobre o papel da rainha na morte de D. João. Suspeita-se que tenha sido envenenado, e quando agonizava com as sequelas da peçonha que provavelmente  lhe deram, foi para uma termas. O curioso é que ele não foi para as então chamadas Caldas de Óbidos, muito ligadas à rainha, optando antes por Mochique. Quando estaria quase no leito de morte, mandou chamar D. Manuel, seu sucessor presuntivo, mas este parece que resistiu a juntar-se ao monarca, até que este lhe deu uma ordem formal, à qual D. Manuel acatou. No entanto a Rainha, provavelmente temendo pela vida do irmão,  impediu-o de chegar a Alvor, local onde o Rei acabou por falecer.

A especulação em torno da morte de D. João II continua a ser um mistério, que tem alimentado muitas teorias. Umas das minhas predilectas é a história da fonte bicéfala, em exposição no MNAA. A fonte tem duas cabeças e os símbolos de D. Manuel (a esfera armilar) e o camaroeiro(símbolo de Dª Leonor), sendo a escultura cingida por uma pele de serpente, o que levou à teoria de que a serpente significaria o veneno que a Dª Leonor deu ao marido para o matar. 

Mesmo sem o saberem, foram os monarcas uma excelente dupla. Dº Leonor na sua acção caritativa, onde se destaca, evidentemente, a fundação das misericórdias e das caldas públicas, e D. João II no fortalecimento do poder do Estado e na continuação da obra do Infante D. Henrique, que nos levou à Índia. Contudo, essa glória foi cair nos braços de D. Manuel, que muito deve à irmã ter sido o herdeiro do trono.    

publicado por Rui Romão às 08:14
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Terça-feira, 7 de Fevereiro de 2012

Vasco da Gama e Sines

Por estes dias estive na Costa Vicentina. Assim designada por ter sido palco da transladação das relíquias de São Vicente para a Sé da Lisboa, para este mártir da cristandade se tornar padroeiro da cidade conquistada há pouco pelo nosso primeiro Rei. É evidente que é mais do que duvidoso que as relíquias efectivamente fossem as de São Vicente, mas mesmo assim foi um marco importante da nossa independência, como afirmação da nossa identidade, desligando-nos da tradição compostelense, que então era a sede espiritual da reconquista cristã. Desde então, este santo tornou-se padroeiro de Lisboa, e ainda hoje o é, embora tenha que conviver com a "sombra" de Santo António, muito mais entranhado na alma popular.

No entanto, este passeio pelo Alentejo atlântico trouxe-me à memória Vasco da Gama. Estava em Sines, sua terra Natal, quando imaginei as peripécias que rodearam a sua nobilitação à categoria de Conde. O capitão da armada da Índia nasceu em Sines, onde seu pai era Alcaide-mor desta Vila. Vasco da Gama era filho segundo, pelo que desde cedo se apercebeu que esta condição seria um entrave à sua ambição, que não deve ter sido pequena. Ainda hoje se discute o porquê de D.Manuel o ter nomeado para tão importante missão, tanto mais que ele não teria mais de 30 anos aquando da sua partida para a Índia e não tinha qualquer registo de méritos de armas. Evidentemente que não se coloca em questão o domínio de técnicas de navegação ou de leitura de mapas, uma vez que ele não era um navegador, no sentido que hoje atribuímos ao termo. Ele era um político, que tinha como missão manter a ordem a bordo e liderar uma tripulação bastante heteróclita que, diga-se, nunca foi missão fácil. Na sua armada iam homens muito mais experientes, como o próprio Bartolomeu Dias, para além de pilotos muito conhecedores da costa africana, como Nicolau Coelho.

Depois de ter descoberto o caminho marítimo para a Índia, D. Manuel prometeu faze-lo Conde de Sines. Sublinhe-se que, naquele tempo, os títulos não eram meramente honoríficos, como no século XIX em que os titulados eram condes, marqueses ou duques, mas não eram donos das terras. No século XVI essa situação era muito diferente. Ser conde de uma localidade significava ser dono da terra, com poder para cobrar impostos e com tal, quanto mais importante fosse o local, maior era a riqueza que se podia acumular. É por isso compreensível que ser Conde de Sines, então uma vila fortificada, era muito aliciante, tanto mais que o seu pai tinha sido alcaide da vila. Contudo, aconteceu a D. Manuel o mesmo que a Dom Afonso Henriques quando quis dar Santarém aos Templários: aperceberam-se que não podiam dar o que não era deles, ou seja o que já tinha dono. Se Santarém já era do Bispo de Lisboa (e por esse motivo os Templários foram parar a Tomar), Sines já era da Ordem de Santiago, cujo Mestre da Ordem era o célebre filho bastardo de D. João II - D. Jorge - que era o preferido do pai para lhe suceder, em vez de D. Manuel. 

Por este motivo o "Venturoso" teve que arranjar outra solução, que passou pela compra ao Duque de Bragança - D. Jaime - de uma pequena localidade - a Vidigueira -   para doa-la a Vasco da Gama. O processo não deve ter sido complicado, pelo facto de a Casa de Bragança ter sido extinta pelo "Príncipe Perfeito" e depois restaurada por D. Manuel. Essa dívida de gratidão que D. Jaime tinha por D. Manuel foi, certamente, importante para ceder essa localidade,  fazendo de Vasco da Gama, Conde da Vidigueira. 

Resumindo: D. Vasco foi feito Conde por D. Manuel, nas terras de D. Jaime. Foi este o pensamento que me surgiu quando estava tranquilamente a jantar no restaurante "Migas" em Sines. 

publicado por Rui Romão às 08:21
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