Hoje, dia 6 de Outubro de 2011, tive conhecimento da morte de Steve Jobs, fundador e ex-CEO da Apple. Não me vou alongar na sua biografia até porque não a conheço em detalhe, mas é do conhecimento público o seu génio inventivo e a sua capacidade para imaginar e conceber produtos verdadeiramente revolucionários. Os mais conhecidos são o IPod, o primeiro produto que lançou depois de ter regressado à empresa que fundou, em 1996, o I Phone que transformou a nossa relação com o telefone móvel e, por fim o Ipad, o "gadget" mais recente mas aquele pelo qual, segundo o meu ponto de vista, Steve Jobs ficará na história.
Se os tablets do tipo Ipad vingarem (como eu acredito) reduzindo o papel impresso a uma expressão ínfima, eis o homem que ficará conhecido por ter derrubado a hegemonia de mais de cinco séculos de Gutemberg. Sei que pode parecer um tanto ou quanto radical este raciocínio, mas se repararmos na evolução da forma como fixamos o conhecimento, não consigo identificar outra inovação que tenha feito "perigar" o legado de Johannes Gutenberg, que no século XV inventou a imprensa através de caractéres móveis e permitiu a massificação e divulgação dos livros e o nascimento da Imprensa. Até então os livros eram todos manuscritos, tarefa a que se dedicavam sobretudo os monges copistas, com destaque, obviamente, para a reprodução da Bíblia Sagrada. Foi esta tecnologia que permitiu o nascimento da imprensa cujo nome ainda hoje designa a sua invenção, mesmo para outros meios como a TV e rádio e que é condição sine qua non para a existência de sociedades democráticas. Por isso mesmo, e pelo reconhecimento do poder da imprensa, os regimes totalitários quando se estabelecem não tardam em pô-la ao serviço dos seus desígnios.
Esta invenção tem sido utilizada ao longo de todos estes séculos embora com constantes inovações que tornam a imprensa de hoje completamente computorizada e com uma grau de sofisticação que em nada se pode comparar com o que se fazia, por exemplo, há 20 anos. No entanto na sua essência não é diferente do que se verificava no século XV. Com o nascimento dos tablets do tipo Ipad da-se o passo que faltava na desmaterialização dos conteúdos, sejam livros, jornais, revistas, teses académicas, etc. Com a portabilidade que esta invenção oferece, não tardará que o mercado editorial seja dominado por e-books, o que é um fenómeno que já se encontra em franco crescimento. Quanto aos jornais, a sua versão para tablet substituirá completamente num prazo de 10 anos as edições em papel, e as revistas não durarão muito mais tempo.
E o papel vai acabar? Não, mas será um produto completamente diferente. Tal como hoje existe um mercado dos discos de vinil, continuar-se-ão a imprimir livros, mas serão sobretudo vocacionado para o coleccionismo e não tanto como objecto de consumo. Em 2011 este raciocínio parece muito futurista, mas se daqui a 20 anos alguém ler este post, estou convencido que o achará ridículo pelo seu anacronismo. Com o ritmo alucinante de inovações tecnológicas que se introduzem no mercado, a realidade superará em larga escala esta minha previsão.
Para tudo isto ninguém contribuiu mais do que Steve Jobs.
Que descanse em paz (1955-2011)
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